sábado, 22 de novembro de 2014

O Sentido do Tempo, III

De outras vezes 
Poderia - com alguma hesitação
Supor o que os outros suporiam.

Porque todos nós,

Em outras tantas vezes, gostaríamos
De achar que a vida vem à frente.

De achar que as agendas da vida

Ditam fora do presente.
E de achar que existe um tempo
Reservado à vontade que se sente.

Então, acontece, quase sempre,

Pensarmos que o melhor está por vir
Para nós e toda toda a gente.

Pensarmos que há um tempo por cumprir 

E que um raio de sol mais directo 
Um raio de sol que vem, por certo,
Fechar-nos ainda mais o olhar
É uma espécie de sinal que vai chegar.

Mas é nesta cegueira que vivemos 

Porque este tempo é concreto
E continuamos a aguardar 
Pelo que agora temos e nem vemos,
Nestas tantas tantas vezes,
Que escolhemos adiar.

É todo este tempo que perdemos, 

E nisto, tudo prestes a mudar.

Lisboa, 22 de novembro de 2014