terça-feira, 29 de dezembro de 2020

The Sunshine Underground

 

The Sunshine Underground. Uma espécie de pêndulo. Noite pendente subterrânea. E embalando-nos. Sobre a mesa, uma vela ao contrário. Vermelha. Depois, o corpo destro para a esquerda. E levo pendurado um fio. Outro corpo que sai do lugar. Vagaroso. Um, dois, sob o soalho ardente. A velocidade aumenta no frio. Com sangue de todas as cores. E não consigo parar de tremer. O tempo lentíssimo. A bicicleta, com a campainha a avisar quem se atravessa. Porém, ninguém. O rum líquido a esconder-me as chaves de casa. E parece que dançamos. 

(Escrito sobre o 28 de Dezembro mas num outro dia)

sábado, 19 de dezembro de 2020

Saturdays (Again)


Um Sábado como os outros. E descaradamente diferente. Não há regresso de onde ainda não fomos. A camisa um pouco fora das calças, imaginando que corrias. O gato é de lá, do lugar das estórias das crianças. Talvez um pequeno sinal em crescimento. E, outra vez Sábado. Com a névoa no horizonte, uma certa volúpia de mistério sob o rio. Por ser Inverno não tem necessariamente de ser frio.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Lujon

 

Quando uma manhã me disseste quem eu era
Porque sonhava com dias de sol e rio e riso,
Porque somente a vida cheia, e cada dia que passa, são isso.
Compreendi as razões de sermos feitos de matérias diferentes
que não se misturam, e que na verdade se distanciam 
no tempo certo.

E eu, refleti com a lua em círculo naqueles dias,
No equilíbrio dos meus sentidos, com o auge de tudo em tudo
Na impaciência de esperar sem ver a noite ser noite
olhando dentro do escuro a magia de um céu despido de cores
no qual só eu reparo.

Então, seguro a caneta na mão, sabendo quem eu sou
Sentido o silêncio azul das águas de verão e a alcova do mar
antecipando-se, como se antevê uma paixão a chegar
ocupando todo o espaço da desordem num outro lugar
e, deixando-me levar, não paro. 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

O Labirinto da Saudade

 


Lugar de origem. E éramos para sempre uma forma breve de ser. Na urgência do movimento. Coisas a que nem poderíamos assistir. Porque o tempo passava depressa. Levando essas palavras nos lábios. Arriscando tudo. Sem olhar para trás. E valia muito a pena querer mais. Acrescentar. Mesmo que de forma fugaz. Depois, recomeçar. 


sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

9 Crimes

 

It's a small crime. Acontece. Há um eterno despertar de tudo. O amor é um embate, uma súbita vertigem. Não cuidas e ausenta-se. Restando pouca luz na margem do mistério. E uma vida normal, regular sem pressa na respiração. Uma forma aveludada de textura mas muito familiar, tanto que já despojada de amor. E assim acordas. Sabendo que não renovas os mesmos sonhos felizes. Morres 9 vezes para nascer a seguir. E, com esperança, contas outra e outra vez.

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Story of My Life


Flutuo. Diria novamente. Lembrava-me da Anaïs Nin e da Lana del Rey. Lembrava-te delas. Ou lembrava-me eu de ti. Hoje é feríado. E, a esta hora, não podemos andar lá fora. Tenho vontade de começar a escrever como se amanhã também fosse feríado e eu aqui com as palavras. Eu aqui, mais comigo. Na engrenagem de me deixar levar apenas o punho. Arrancar como mulher que escreve, sem outros deveres no mundo. Written in these walls are the stories that I can't explain.

domingo, 29 de novembro de 2020

Jerusalema

 


África. Corpos que se entrelaçam com a música, como amantes. Ondula, continente quente, aí debaixo. Remexe em alegria. A dança levando os passos a darem passos. É tudo transformação. Aquilo. O oráculo a dizer com certeza: «Abre o coração, que o mundo inteiro está a ver». E é tudo beleza. Esperança. E o planeta é o chão de todos os lugares, de todos os passos de dança. Ngilondoloze. (Salve-me.) 

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Eu Não Sei Quem Te Perdeu


2007 ou 8. A vida num momento em gestos nunca iguais. Tu, bem próximo da minha pele. Bonecos de porcelana, bem frágeis éramos. As comportas da música, dos livros. As compotas de hoje nas pinturas abstratas. O doce equilíbrio, o primado. Pensar na palavra: poltrona. Trono. E em rainhas que ceifam os sonhos dos outros. Em mim, a correspondência dos teus músculos. Outra forma de amor nesse caminho de tantos anos. E eu não sei quem te perdeu.

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Lonely Planet

 


E não podes mudar o mundo. O mundo que está mais vazio sem o Q. Ontem ainda o tinha, mas depois mudou o dia. Aonde vais, com os teus ossos? Já não ias. Era o erro das contas da idade. E não podes mudar o mundo. Nem passar a vida à procura da vida. A Amália vivia de vida perdida. Outros cantam outro destino. E de repente mudam o seu olhar sobre tudo. O planeta mantém-se sozinho. And if you can´t change yourself, then change your world.


sábado, 19 de setembro de 2020

Memórias de Amor

 


Só o tempo faz mudar. E temos memórias (de amor) do caminho. De sermos lá e de estarmos aqui. Páginas que não ficam na nossa memória como se escrevem. Eu dobrava os lençóis sozinha. O texto nada disso traz escrito. Nem da delícia de te sobrepor ao espaço. O deleite do vinho, o carinho. Era uma afinada voz a cantar ao teu lado e uma agradável voz a chamar-me afinada. E dava vontade de subir o rio e não parar mais. Porque a mesma música corre-te. Agora levares-me um beijo. Que eu dou. Por mais algum tempo, tanto, pouco. E levavas-me.

Voyager

 

Sentido de uma babilónia eletrónica. Seguramos o poema com a respiração atenta e o embalo. Substância verde cheia de luz.

Um punhado de plantas (com e sem flores) de destinos nativos que não colhemos, que não trazemos. Uma pequena história. Um conto breve. 

Ruínas de instrumentos sem idade. Ruídos com tribos inteiras por dentro. Rituais de batucar enquanto um ancião fala.

Malfadado génio musical. Memórias que mais parecem infâncias com boca. Misturas. Música nascida de uma só mãe. Mãos e um corpo dançante.

Abandonado-se dignamente de asas abertas dentro do som. Atrás desse caminho, irei.


Foi por Ela


Foi por elas que aprendi a ser mulher. Falando com elas. Aprendendo entre elas. Nas conversas com a minha mãe, a minha irmã. Nos áudios de hoje, que são as nossas novelas, no nosso tempo, amadurecendo. Trocando as ideias dos diários-cadernetas. E somos sempre as mesmas, nas nossas conversas, vivendo. Mas nunca são elas que me tiram para dançar. O meu pai mostrou-me Fausto, e agora tu.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Flor Di Nha Esperança

 


Um passito mais perto. Lá quase. E quase perdida a esperança. Porquê? Mantinha o olhar no mar. Para lá do mar, há o cabo, o Sol, o Sul. E é tudo. Confesso que persigo estas coisas do acaso. E penso nelas profundamente. Para passar o tempo, derivo em outras. Uma espécie de compromisso, tanto que quase me chegue. A harmonia de escolher a vida e o resto entretanto por aqui.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Eu Seguro


Agosto. Sol. Praia. Adorados clichés que eu seguro. Como este videoclipe perfeito, sem jeito, em que só o que contém faz falta. E a temperatura alta. O escadote sueco. O poema dividido em dois, fugaz. Completo depois. As botas adormecidas atrás. O casaco pronto a aconchegá-la no final. Quando esta cama em que dormimos for morada em que acordamos, eu seguro. E era muralha, afinal. 

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Preto e Branco



Nanananaaa seiia iaiea... Hoje é assim. Baladas impossíveis de ouvir sem cantar. E impossíveis de sentir sem dançar. Imitar a Maria João. As múltiplas vozes dentro daquela mulher. Eu gosto tanto disto. Como de ver a água do centro da sala. Como de sentir o calor da varanda e imaginar que é verão para sempre. Como gostei do fim-de-semana em família. Como de não ter dívidas. E como de ver agora o meu futuro na folha nova. E tudo a preto e branco, embora o céu traga manchas cor-de-rosa para se deitarem no azul. A vida podia ser só muito disto e eu seria ainda mais feliz. 

terça-feira, 7 de julho de 2020

Harlem River


Ontem, once upon a time in Earth. Mas talvez o amor seja mais importante do que a morte. Para que o celebremos. Ou como dizia a lua, com tanta clareza, ainda ontem. Era uma noite. E havia palavras no espelho da água sob todos os brilhos noturnos. A lua em estilo panorâmico falava da sua grandeza eclipsada dizendo que era só uma noite.

Your Love


I woke and you were there
Beside me in the night
You touched me and calmed my fear
Turned darkness into light

I woke and saw you there
Beside me as before
My heart leapt to find you near
To feel you close once more
To feel your love once more

Your strength has made me strong
Though life tore us apart
And now when the night seems long
Your love shines in my heart
Your love shines in my heart

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Moon River


Depois da Audrey, uma versão mais contemporânea a dizer o mesmo poema. Cheio de amor. Ou cheio da falta de amor num mundo cheio de coisas muito sólidas de matéria. Tirando-me do sério. Coisas muito materiais essas, sem sonho, sem o nosso tempo, sem partilhas de nada. Há porém outras que somente flutuam. Como um lenço de seda ao vento com um nó rente ao pescoço. E olhamos em frente sem nos vermos. Era um encontro de angustias caminhar e não encontrar nada além de breves momentos com hora marcada para acabarem. Queria outro brilho para trazer ao meu lado na vida. E teria sempre à noite a bola da lua no rio. Era a minha visão de paraíso certo na terra, até outro dia, uma nova versão me bater à porta.

domingo, 21 de junho de 2020

Dindi


Azul pintado de azul. Dizia em Volare, num outro poema. Aqui é muito a mesma coisa. Porque não há céu sem azul. E bandos de nuvens que passam ligeiras. Acho que justamente porque o Verão chegou, é sempre bom repetir que o verão chegou. Também posso dizer que Dindi era uma fazenda no Brasil e só parecia um nome de mulher.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Habibi


Deixar para trás. Light is burning, as I am burning. E escorrem os leitos das árvores. Aqui ao pé da praia, luzes de natal embrulhando os troncos. E era tão cedo... O crepúsculo vem à hora do crepúsculo. Mesmo que te queiras esforçar por ter tudo antes. E será como treinar em vão. Reforçar o músculo. A aurora é mais uma cor no sentido do começo. Onde tudo muito claro, puro. A lua no sentido de brilhar no escuro. E tudo na luz a mostrar-nos tudo, Habibi. 

terça-feira, 16 de junho de 2020

Cold Little Heart


Há corações pequenos e frios. Outros maiores, enormes. O coração leva-nos ao que queremos. E a sermos quem devemos. Algo que se tem em comum. E não é uma generalização. É um facto todos termos coração. Podemos não ter algum membro, cabelo, mas todos temos coração. O problema é que a pele é o órgão maior. Mas que importa a pele? Parem, escutem aquele concerto. 

sábado, 13 de junho de 2020

T r ê s T r i s t e s T i g r e s

A banda portuguesa que esperei ver renascer e que conseguiu surpreender-me este ano com Mínima Luz. As letras continuam a ser fragmentos de ideias ligados pela voz de Ana Deus, uns pontos ora mais graves, ora outros mais agudos, numa harmonia irrepreensível de versos surrealistas da Regina Guimarães com contextos afinados na intensidade do som produzido e até suspirado por Ana Deus, em Língua Franca. Num sentido mais encorpado de evocar a natureza, a linguagem, o tempo, e o Criador de tudo, personificando alguns dos elementos de passagem no final: Cada folha sol dizia/ Cada pedra cantava./ Correndo a água narrava (...) O vapor pavor contava/ A neve chamava o cume.


Em Curativo, o prelúdio acústico ainda em registo poético Diz quem procura uma cor/ Que ela há-de cair do céu. Tudo bem acompanhado pela guitarra eléctrica de Alexandre Soares. Tema que leva uma camada extra com a original introdução de uma harpa para encantar até os (corações) mais distraídos.


Mais atrás, nas EA Sessions de 2017, um pequeno encontro intimista revisitando o Guia Espiritual para auscultar o efeito das duas décadas sob alguns dos principais temas da carreira TTT. Sinta-se aos 11 minutos, os anos 90 bem medidos numa interpretação amadurecida e inspirada de Zap Canal, versão um pouco mais turva fora do estúdio. A roupagem da faixa é mais sofisticada, porém, o corpo é o mesmo. Glória a Deus Pai/ Na baixeza, os fracos à sobremesa/ Paz na Terra Mãe/ A cabidela dos fortes digere-se muito bem. E o bem que umas décadas podem trazer a quem do talento faz pop-rock alternativo.


Na minha opinião, um pentágono de estrelas intemporais. 


Why Don't You Do Right?


Esta, que muitas bocas já cantaram. E uma boneca em versão menos polida. Esta, fúlgida voz-clarão, a quem nada se compara. E o poema transporta suas ideias. Os elementos que se apresentam são poucos: no palco, o piano, ela, o microfone vintage e tudo à meia-luz. O joio é a mulher-alfa que não seduz mas pede: Why don't you do right, like some other men do?

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Língua Franca


No agora de outrora/ depois da terra arrefecer. No instante entre vida e ser. Na aurora da forma. E a música a acontecer. No crepúsculo das coisas mais pequenas. Das coisas vivas, da natureza dizer. Das árvores em redor. Do tempo, de nós, de tudo. Do céu mais claro, mais puro. De ver que é o amor.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Mer de Velours




E se hoje fossemos até à praia? Para ficarmos outra vez, algum tempo, perto do mar. Como no outro dia. Algum tempo. Não sei o que seria ficar por muito tempo ali. Isso é apenas matemática. E importam-me mais as pedras da areia que eram muitas, a água. Tantas moléculas a perder de uma vista que não as vê. E da toalha, o céu extenso e imensamente azul. Muito vagaroso, muito cheio de tempo. Na esplanada, que já reabriu, aposto que muitos pensamentos sobre nada, somente para passar o tempo. 

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Medo



O medo mora comigo. Mas não morava em Amália. A casa era um grito profundo. E esquecemo-nos de quem escreveu o texto. Pois não há texto. Há uma alma em palavras a arrastar o mundo inteiro. A trespassar o infinito. Um grito sem fronteiras, cheio de reflexos. De brilhos sem sombras. E o piano a levá-lo, somando dois tempos, unidos e vivos (o R de Resende e o R de Rodrigues), na obra eterna do som. 

"Não tenho medo da morte, porque tenho fé e, sobretudo, lucidez. 
Sou frágil nas pequenas coisas, mas forte nas grandes.“ 

Amália Rodrigues

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Hyperballad


Tomar de empréstimo uma cançãoWe live on a mountain. Right at the top. There's a beautiful view. From the top of the mountain. Porque o amor se reinventa, e se serve de várias formas. Pela trama junta pelo tear, pela malha desfeita pelo fio de ouro. Há o vermelho do fogo, e o vermelho de sangue, e a cor amor que enlouquece. I go through all this. Before you wake up. So I can feel happier. To be safe up here with you. E, no fim, escapar.

terça-feira, 2 de junho de 2020

Where is My Mind


With you feet on the air and your head on the ground. Saberás ainda que nos contaram a história ao contrário. Poucos são os que aprenderam o que o tempo em fuga diz. Sabemos que os figos estão maduros. Continuo na ideia de me sentar em frente às teclas pretas e brancas. Que desmedido amor por tudo o que não sei. Por ver o rio sem marcas dos barcos que passaram, e pelos demais caminhos. Como se fosse ousada a volúpia de predizer em poemas. E o êxtase de jurar o futuro, sem usar palavras.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

The System Only Dreams in Total Darkness


Talvez sejam um ou dois corpos que simulam no escuro. A falarem com Deus. Talvez haja um espaço para isso sem sabermos. Talvez tudo venha da terra de onde nos nasce o sangue e a fome. Depois, um inútil sono de várias horas. E queria mais luz. Mais dia para escrever sobre a oportunidade de dizer estes mistérios de o sistema sucumbir dentro da noite. I can't explain it in any other way. 

domingo, 31 de maio de 2020

Stars


Acerca de estrelas. E o brilhantismo de as evocar. Is David Bowie here? He is still driving from some goddamn place. É fim de mês de Maio. Levanto-me do meio das estórias. E algumas são tão enormes que desapareço. Stars they come and go. This is sad. But that's what you expect anyway... Feelings. Feelings are love. Did you know that? As improvisações de Nina. E sim, o colar é lindo porque o achas lindo e te segura o canal que te traz a voz da alma.

My Favorite Things


My favorite things. Saudades. O tapete turco junto à cama em tons de vermelho e azul. O prato da mãe da minha visávo Aurora. O nome dela. Todos os equipamentos por onde a música nasce. Todos os dispositivos que a seguram e o rádio. Os livros e as estórias que esqueço suspensas lá dentro. A chave do carro que me leva à praia. As tintas que serão quadros pendurados na minha parede, na tua. Mas, principalmente, as saudades que me prendem a ti.

Moanin'



Percussão sem letra. Limpa e simples. E eu, na margem, em contemplação. A tentar sair do mundo ordinário, por causa da tua ideia de recomeço. O mar em frente, incrivelmente belo. Cheio de coisas novas e admiráveis. E o meu olhar total nesse infinito. Mais os desvarios da minha cabeça que não se vêem em frente. 

domingo, 17 de maio de 2020

A Day in The Life


I read the news today, oh boy. Era sobretudo sobre o corpo dormente que se falava. Levando o delírio às ruas de Lisboa. Fazendo esquecer os temas mais prementes e toda a pandemia. Mais um ou dois problemas pessoais, sem saberem um do outro. Porque em tempo de alegria, o amor espalha-se em tudo: nas mãos, nos dedos, nos olhos e o sangue corre irado com a força da criação original. 

Aquilo foi no princípio. Depois, sucederam-se versões, até hoje.


terça-feira, 12 de maio de 2020

The Story


All of these lines across my face
Tell you the story of who I am
So many stories of where I've been
And how I got to where I am
But these stories don't mean anything
When you've got no one to tell them to
It's true, I was made for you

I climbed across the mountain tops
Swam all across the ocean blue
I crossed all the lines and I broke all the rules
But baby, I broke them all for you
Oh, because even when I was flat broke
You made me feel like a million bucks
You do, and I was made for you

You see the smile that's on my mouth
It's hiding the words that don't come out
And all of my friends who think that I'm blessed
They don't know my head is a mess
No, they don't know who I really am
And they don't know what I've been through like you do
And I was made for you

All of these lines across my face
Tell you the story of who I am
So many stories of where I've been
And how I got to where I am
Oh, but these stories don't mean anything
When you've got no one to tell them to
It's true, I was made for you

Oh, yeah, well it's true that I was made for you

Shine on (You Crazy Diamond)


Shine on you crazy diamond. De Deus ficou este segredo. Do lado verdadeiro. Se eu fosse até lá durante o dia. Escreveria no lustro do contra sol. Assim como hoje, amanhã. E o que virá depois? Como algumas das palavras, as nuvens deslizam. Como boas testemunhas. Na meditação planetária. Nada a temer, portanto. E do infinito podemos esperar tudo. À nossa volta a música espande-se. Aquilo são ferrinhos e instrumentos de brincar mas há um órgão afinado que lês, em letras brilhantes. Um diamante louco e mais nada como antes. 

Essence III - Departure

Ir. Ouvir. O coração. É o meu mês de Maio. Com mais Sol com menos vento. E os dedos tocam. Os olhos brilham de forma diferente. Ou é excesso de luz ou apenas o sangue mais quente. Um leme que se repete contra o rio. O rio feito fogo. E seguimos em frente. 

quarta-feira, 29 de abril de 2020

El Beach


No tempo prometido, a minha praia. Foi anunciado e que venha para todos. Antes, é preciso limpar o sangue das batas, das mãos. Descansar de tudo, com a areia morna nas costas, nos pés. E ouvir o estuário de perto a encher. E sentir o lume do sol na cara. Perceber a herança do ar azul-turquesa da Arrábida que é a serenidade que melhor conheço. E, decididamente, nesta idade que não se prolonga, o meu melhor do mundo. Que merece que se dance até ao outro dia.

Good Times And Bad Times


Nada sei sobre o que aí vem. Dai-me uma ideia que me disperse. Uma estrela com outra cor. Uma força que me leve o dedo à guitarra, à corda. Dai-me o vento que ali bata com uma mensagem de Deus, à porta. Dai-me ternas ideias de superstição. Sons de dentro da terra, da porta do chão. Visitas de fé, de dentro do espelho. Querer ver melhor a composição, ouvir com mais atenção. E eram olhos dentro dos olhos. Eram mantras cheios de natureza e berimbau. Eram tempos bons em tempos maus.

Só Te Falta Seres Mulher



Se vamos juntos passear
O olhar faz parecer vão o que eu disser
Se te provoco com o que à noite te fiz, sorris
Já só te falta seres mulher.
Dou-te um abraço e vai-se o embaraço
E em pouco espaço vou dar-te aquilo que eu quiser.
E eu quero tanto
Qual não foi o meu espanto
Pelo teu encanto
Só te falta seres mulher.
Faça eu o que fizer não vou fazer de ti uma mulher.

Eu posso até querer entregar-me
Lançar-me a ver aquilo que vier
Mas eu gostar da tua masculinidade é maldade,
A merda é só não seres mulher.
É que tu tens o charme para poderes virar-me
Sabes conquistar-me
Dás-me a lascívia de talher como dizer-te então
Tens escrito "homem" no coração
E infelizmente querido
Eu, perdão, só me apaixono por mulher
Faça eu o que fizer não vou fazer de ti uma mulher.



Everybody’s Gotta Live


Quando falamos de quarentena e, ainda sem falar, ficamos petrificados. Num bloqueio de liberdade. Nem saímos nem ficamos nestas circunstâncias. è a procura de equilíbrio no limbo de nós mesmos. De noite, parece ser mais ou menos igual. De dia não é a mesma coisa. É tempo de o tempo estar suspenso. Os pensamentos são os actos que avançam. Eu fiz um longo estágio num país muçulmano. Para agora observar as reacções dos outros, que nunca tiverem anúncios. Mas toda a gente tem de viver. E contar a sua estória.

domingo, 19 de abril de 2020

Not for Me


Ballads are being sung. É o sentido da vida, dos desejos vestidos. E o poema, identificámo-lo quando o ouvirmos. E podíamos sorrir no mesmo momento. Como num mergulho, dois corpos que afundam em água ao mesmo tempo. Talvez quando vier o verão e o pudermos sentir, além de perto do mar, também na rua. Numa dessas manhãs brilhantes em que nos levantamos em euforia, e não adiamos nada.

quarta-feira, 18 de março de 2020

God & Satan


I look at God and I see trouble. The war is near. All the good poems are made and sent. Mas que mistérios são estes? Quem levará para longe a água negra do fundo das ruas? E o vazio  e o silêncio dos novos dias? Entretanto, o passeio sem euforia a conduzir-me num movimento rápido de ir lá fora. Em casa é tempo para pensar em tudo com tempo. E beijarei a natureza sempre. 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Something to Remind You


Morfologia dos livros. Mémoires. Não importa em que língua ou com que dedos tocas. Quando começa é já sobre futuro. Mesmo de borracha na mão. Não se apaga porque é de chama e é de voz. Está escrito no pensamento como antecede as canções. Não se ouve porque é de dentro do silêncio. Porque as coisas se invertem e retornam sem que olhemos para trás. E mesmo que nada tenha um nome, lembras-te.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Canção de Engate


A aventura dos sentidos. Instantânea. Se estiveres em silêncio, a luz acende-te. Vê-se o poema a crescer em ti. Decoraste cada palavra. E danças ou queres dançar. É uma maré que nos leva. Eu danço. A mim levam-me certas canções. É o sangue rendido em artérias que nem sempre sinto. Um rasgo de loucura que aceito. O acontecimento descrito é sobre o poder (de vida) contido na música que a faz matéria. E sinto na pele dos braços a alegria dos instrumentos, tomando-me. 

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Esta noite teria sido bom regressar a Sassetti. Profundamente, para sentir a vida como feita de um corpo forte capaz de conter todos. Mas volto à minha língua portuguesa com mais palavras. E, desviando-me da terra inteira, por uns tempos, terei Portugal. Por cá, acho que está na moda a Bárbara Tinoco. Mas sou dona dos meus instintos. Em português preferiria tantos outros nomes que já não passam na rádio. Rejo-me pelos meus elementos. A voz masculina e o meu ouvido que nela se atrai. Talvez mais ainda a visão de um caminho nas tuas palmas. Ou uma coisa que também tivesse tamanho para os outros. E querer que toda a gente o sentisse. Como uma força estética que parece que mata. E repetir o mesmo mantra em grupo. Não importa que se esvazie essa ilusão com o tempo. Como talvez um rio a afogar-se de Sol de manhã. E tudo diferente depois, porque nada acaba nem nada permanece. Ou então, estar numa parte autónoma do mundo com mais acção do que as outras. Sem mensagens de caos e terrorismo, mas apenas mais amor por favor. Estou certa de que (em felicidade) tudo se funde. E, para recomeçar o ano (a escrever) tem de haver ainda uma certa mistura na mesa: as palavras são quase as mesmas mas, hoje, prefiro o Rubel para as partilhar.