domingo, 30 de outubro de 2016

Daydreaming

«Honesty saves everyone's time.» Ter-me-ia feito mais leve. Sonho rodear-me de gente verdadeira. Continuo a pensar no tropeço que dei. E não sei se entendi. Por que razão eu trabalho para prevenir todos os males e no meu espelho aquilo se espalha e multiplica. Ou sobre a ficha onde se lê Trébuchement com um quadradinho ao lado. Não dá para compreender, rapaz. É preverso. Que raio de sentimento achei eu haver em nós. Dreamers. They never learn. They never learn. Esta música é triste, a vida é estranhamente dura, e o amor tem espinhos-mutações. Mas depois passa, como uma canção gasta. Daquelas que não ouviremos mais. 


terça-feira, 25 de outubro de 2016

The Devil's Chariot

O carrinho do Diabo levou-me toda a esperança, pareceu-me. E sem ela, vaguear-se-á ao dará. Uma direcção providente. E o vento empurrará caminhos, libertando-me. O carrinho do Diabo não tem cor nem forma. E as rodas voam sem tocar o chão. Uma espécie de tapete onde te sentas e deixas levar, com diversos instrumentos músicais que servem para distrair do óbvio. Eu que tanto gosto da batida alternativa. Música electrónica para receber o Inverno com uma manta no colo, sem qualquer desejo que haja um gato por perto para saltar de repente, em meu aconchego.


I Follow Rivers

Não há mais chuva, não há. Não há mais medo, não há. Não há mais choro, não há. A Shakira a dizer de longe, um filme, um livro, um concerto ao vivo em Las Vegas, como se eu lá estivesse estado. Porque às vezes é preciso saber mais sobre a nossa vida. Parece que nunca aprendo. O título daquela música falava sobre hoje. Um adeus muito concreto. E uma decisão súbita de partir. Mas os fracos continuarão a fazer frente aos fortes, com as suas efémeras inverdades. Que sorte e que importância terei eu num mundo com tantas surpresas? Cada nova decisão, parecendo-me andar para trás mas não. Não há caminhos para trás com a rotação imparável da Terra. E eu sigo rios, tantas vezes tocando o mar. 

domingo, 23 de outubro de 2016

Deep Blue Day

Com a sede dos trabalhos manuais ou a loucura de me distrair, embalsamei o Grito. Porque é preciso seguir. E o tempo empurra a vida para a frente. Duzentas e setenta e sete músicas e eu. Curioso isto de ouvir uma canção e dizer sobre ela. Que diria eu sobre esta duzentos e setenta e sete dias atrás? Diria que existe um azul único para cada um de nós mas "que estas palavras, desta vez, não sejam apenas uma repetição, sílabas monótonas gastas pelo tempo passado à espera de serem utilizadas, às voltas no bolso, entre chaves e moedas."


This Old Relaxation

Ainda se ouve o eco do idioma francês. Parece que se desliga mas uma pequena forma excêntrica agarrar-se-ia ao meu ouvido, ao meu olho direito se estivesse deitada de lado. Durante todas as luas do filme. E mesmo que não te transformasses com ela, eu veria nas tatuagens um passado muito grande que nada teria de meu. Dois braços, dois ombros, e duas incríveis estórias: a nossa e a outra meio-inventada, muito distante das pinturas sobre a tua pele. Ainda se ouve o idioma do teu excesso. Ainda se sente a terra a tremer. Parece já ter passado um mês. Entretanto, foi muito menos tempo mas o nosso foi tudo. Obrigada por esse tanto.


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Nightcall

Para dizer-te como a noite caiu. Chegou a altura. Uma canção mais própria para as tuas colunas de som, guardada para esta altura. Para dizer-te como o sol acabou. Há as flores mortas em naturezas mortas, nuas para recolher por outras bocas. Para dizer-te com outros instrumentos. O amor inteiro inundado por uma luz escassa. Uma sombra que mal se vê do canto. Uma silhueta perdida, talvez. Por certo a minha alma à espreita. Queria gritar agora. Porque antes cantava sem saber o valor deste pranto.


Old Waltz

Um convite para uma valsa antiga. Levarem-te a mão. Um compasso de espera antes de levantar. Ainda na iminência do toque. E sentir aquela urgência do que vai acontecer. Entretanto, a música já terá iniciado, claro. O ambiente tem um certo estilo. Habituamo-nos a esquecer coisas magnanimes mas por mim eu levaria a vida inteira a redescobri-las. Encher a alma. Música assim que se consome com projeções de momentos que nunca viveremos. A imagem do mar fortíssimo. E os dois a avistá-lo de um lugar impossível de estar. Mas apanhavas a mão e lá estavamos já, perdidos e encontrados.


Om

Este título como um mantra que se repete. E repete e repete e repete. Por uma vida inteira. Coisas que não se aprendem. Porque o amor tem aqueles desígnios. A memória é uma esponja traiçoeira ou uma melhor amiga, dependendo de como queremos sentir-nos. Antes. Depois. E principalmente durante. Porque enquanto dura vamos sempre a tempo de decidir com que movimento, com que orientação. Depende do que escrevemos na nossa história, com que tinta, com que força, com que alma, com que tudo e com que nada.


quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Zebra

As listas pretas e brancas. Exatamente como a nossa radical existência. Uma hora está-se ali bem, muito bem. Depois, a coisa tem de mudar. E dá-se um salto entre o preto e o branco, ou do branco para o preto. E eu nunca me preocuparia em habitar lugares cinzentos. Mas o negro, a ficção de um conforto. Tanto tempo. Uma hora, um minuto, um segundo. O engodo, o furto, e ideias desgraçadamente comandadas pelo ímpeto irracional. As minhas zebras estão para trás, como uma lista de tantas coisas, mas o futuro tem todas as cores.


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Dancing On My Own

Cantar sozinho. Ser observado. Corando por dentro, e por fora em sorrisos. Aquela cumplicidade infantil que não se vai embora por mais intimidade que exista. Como quando peço um desenho aos meus sobrinhos e observo a cara-reacção. É tão bonito... Uma inocência que parece não amadurecer jamais. Coisas que sinto na pele. Fico a olhar para eles e não digo nada. Deixá-los ser. Dar-lhes atenção. Porque agora já não canto. Chegou a altura de dançar sozinha.