quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Time

E, assim, se chega ao final do mês. Os dias têm sido um pouquinho de rotina. Pensamos se não seria hora de seguir para outro lugar. Há o colapso do tempo. Um efeito que paira sobre nós. Ao pensarmos que aquelas caras, as mesmas caras, se repetem naturalmente no avançar dos dias. Não existe qualquer problema com elas, ou fossem outras e tudo igual, mas os cenários são cada vez mais passados. A liberdade conduz à sabedoria, bem sinto. Mas tenho este papel de me ver tolerante para acalmar o desejo que nos impele a seguir. A aventura e o medo caminham de braço dado mas provavelmente tudo isto é um jogo para arrumar na prateleira e arranjar um novo para sonhar. 


terça-feira, 30 de agosto de 2016

Acordar

Radio Macau é uma banda portuguesa que nasceu nos 80's e merece ser ouvida. Penso que o bonito disto é a junção com a poesia das letras, a sua simplicidade, tanto bem aliada aos instrumentos. Sabes aquelas canções que não te deixam em espera? Vem a letra abalroando o espaço musical mas com uma tranquilidade paradoxal. A letra não se encontra disponível por isso, fica a minha transcrição da primeira faixa "Sempre mais", embora o cartão de visita deste álbum seja a segunda música (que começa aos 5:20): Acordar.


"Sempre mais, são frágeis mãos
Minhas
Sempre mais, mais do que as mãos
Dizem
E a verdade é
Um toque mais
Mais de ar, mais leve
E a saudade é
Sempre tão
Breve ao telefone

Sempre mais, se eu cantar és
A minha voz
Se eu falhar, se falhar,
Não me deixes só

Sempre mais
Se acordar e tentar 
Sempre mais
Sempre tão e tanto mais uma vez

Nunca mais, o amor nas mãos 
Frias
Sempre mais, mais do que as mãos
Fingem
E a verdade é
Um toque mais
Mais de ar, mais leve
E a saudade é
Sempre tão
Breve ao telefone

Sempre mais, se eu cantar és
A minha voz
Se eu falhar, se falhar,
Não me deixes só

Sempre mais
Se acordar e tentar 
Sempre mais
Sempre tão e tanto mais uma vez.

domingo, 28 de agosto de 2016

Morning After Coffee

Podia deixar esta para amanhã, mas não. Deixei de tomar café mas continuo a ter manhãs. Aliás, as manhãs começam cedo como nunca antes. Esta artista é para seguir de perto, porque carrega a natureza nas veias, e a terra nos pés. A música está tão crua que se sente o cheiro dos bagos de café. Não é música para todos os dias, porque nem todas as manhãs são de ouro. Também há dias que passam sem nenhum acontecimento especial, e vamos mais convencidos deitar-nos cedo, com sede de amanhã.  




Only

Queria terminar Agosto com mais publicações. Porque o meu blogue é o meu lugar de estudo. Aqui, apenas sirvo os meus pensamentos. Nos seus passeios musicais. Circuitos de fumo em câmara lenta. Areia. Guarda-sóis. Sorrisos. Pés descalços. Acordes. Marés mornas. Crianças. Bolinhas de sabão. Pó de muitas cores que se atira nas festas de giz. Aí, com muita velocidade. Barbatanas dentro de água. Peixes e corais. O motor do barco. E ao chegar ao final, música de orquestra. Apenas. 


Photograph

Não é coisa que se saiba à nascença mas... o Amor magoa a gente. Certamente que também pode curar. É talvez um efeito parecido com o do Sol. Mas o Amor (há que sublinhar bem isto), ele faz-nos sentir muito vivos. E o Sol vai vendo de tão longe que nunca saberemos por que lado nos espreita. Ou porque lado, absurdamente nos repara. Mas o Amor está em todas as coisas que gostamos. É um bocadinho inexplicável. É também uma só coisa para cada um. Ficamos sempre brilhantes quando nos tornamos mais próximos dos impossíveis. O nosso cunho no mundo. Como seria se Fernando e Ofélia não tivessem existido? Todas aquelas palavras benditas, bonitas naquela ordem, podiam ter sido só ditas e ficado só deles. Como de certeza outras tantas, tremendas, que desconhecemos. Tudo verdade para quem foi real. Há muitos mantras que se repetem por aí para nos encontrarmos numa linha acima das nossas cabeças. Um lugar de imaginação para somarmos a nossa energia como se isto nos trouxesse Paz. E no fundo até traz. Há tanta coisa nas fotografias sem nenhumas palavras. Não bem barulho, não bem silêncio. Algo permanece dentro de cada momento.

   

sábado, 27 de agosto de 2016

I Won't Complain

A decisão que se imprime nas letras das canções. I Won't Complain. Um sem-sentido desejo que se deixa mortificar. E ninguém sabe. Os passeios são aleatórios entre a praia e o campo. O destino será sempre entre aeroportos. Mas muito poucos conhecerão o caminho até à Antártida. Por lá, não sei de que lado o sol bate. Prefiro a sombra de uma cadeira sentada na outra, sobre a terra. Prefiro as folhas abrigando-se do vento. Porque aquela luz que não tem brilho de luz, é gelo. Mesmo assim continua tudo muito maravilhoso.


sexta-feira, 26 de agosto de 2016

One Day (Epic)

A distância a esse dia, enquanto o planeta se perde em expectativas. Aquela enorme folha em branco. Talvez escreva, depois. A arte é aquela senhora por quem nos interessamos desde pequeninos, ou simplesmente ignoramos. Eu cada vez me rendo mais às coisas com pouca base matemática e cientifica. Mesmo que seja um muro coberto de tinta preta. Alguém se lembrou e fez. A arte vem e fica, para ser engolida pelos sentidos. Eu tacteio a música com os olhos, sugo a pintura, abraço a fotografia. Ouvir ouço os sons do meu silêncio, ouço o meu pensamento, e ouço tudo aquilo que amo, muito repetidamente. 


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

La Ritournelle

A incrível verdade. Sua força de espelho. Onde eu sou eu. E sei que tudo tudo tudo é como é. Acabaram os Jogos no Rio. Manter-se-ão as correrias e os saltos, pelo menos, até ao final do Verão e, pelo mais, naquelas terras do planeta onde o Verão soa como não ter fim. Por cá, não queria despir já este sol português que ainda se me veste a pele. Queria ficar assim 'castanhinha' (como tu dizes) mas é sempre a mesma história (ou como os franceses dizem: "c'est toujours la même ritournelle") e, por mais voltas que se dê, retornaremos sempre ao estado inicial. 


'Oh nothing's gonna change my love for you
I wanna spend my life with you
So we make love on the grass under the moon
No one can tell, damned if I do
Forever journeys on golden avenues
I drift in your eyes since I love you
I got that beat in my veins for only rule
Love is to share, mine is for you'

domingo, 21 de agosto de 2016

The Crystal Cat

Quando ouço esta malha com 9 anos, fico a pensar que isto do tempo é uma enorme invenção. Algo puramente humano. E isto de se cronometrar as coisas da vida, as gerações e as modas tem um amplo sentido estranho, que se torna ainda mais bizarro se somarmos ao tempo o eixo do espaço. Esta música encaixaria bem em Tokyo na turma dos 20's ou 30's num qualquer tempo dentro deste milénio. A letra não se faz ouvir pois está meia engolida nos pixels bem saturados desta batida "I'm gonna get my bathing suit on/ Gonna get my base face on" e, por falar nisso, vivemos numa época em que se continuam a ditar e a rever leis todos os dias: o burkini tornou-se agora proibido em França. Na Alemanha prevê-se que a burka venha a ser proibida nos espaços públicos. Somos todos diferentes de acordo com o lugar do mundo e com os conceitos que trazemos desde que nascemos. Sometimes (esta é outro exemplo intemporal - de '91 imagine-se... e já aqui falei 'em tempos') parece que algo passou mas na sua acepção o tempo jamais se movimenta. Afinal, quem caminha somos sempre nós; pelo menos abanámo-nos se quisermos. E a música electrónica resulta bem para quem gosta de dançar, como aqueles gatos chineses que acenam o braço para nos enviarem sorte.