domingo, 29 de março de 2015

Love More

There can be no doubt. We want to say there was no past. We want to say we do not choose. But no one knows. Losing heads in thoughts. Feeling. The rain, the violence of the sound of rain. Life is like this song. First you whisper. Seems a far cry. A cry.  You said you are playing hard and I felt like embracing you but I am far. Then the day was night. Miss distilled blood. We don't stop loving like this.


| Pt |

Não se pode duvidar. Queremos dizer que se passado não houvesse. Queremos dizer que não escolhemos. Mas ninguém sabe. E as cabeças perdem-se em pensamentos. Sentem. A chuva, a violência do barulho da chuva. A vida é uma canção como esta. Primeiro sussurras. Parece um choro distante. Um grito. Disseste que te fazias de forte e só me apeteceu abraçar-te mas estou longe. Depois o dia era noite. Saudades destiladas de sangue. Não se deixa de amar assim.

Concerning the UFO Sighting Near Highland

Maybe due to this experience of living in a foreign contry. People are like aliens. And at night, when the revenant came down/ we couldn't imagine what it was. Not quite the voices, neither the words translated, not even the looks, mostly bright blue. It's the talking, which reveals how they think. People are often very strange. The faces not so close because blood barriers. But you, with your voice more leisurely, in your own movement, in your smile landed on my face: in your great height; you stretch an arm and you catch the star I feel like taking home.


| Pt |

Talvez por esta experiência de viver num país diferente. As pessoas são como extra-terrenas. E à noite quando os fantasmas descem/ Não imaginas o que são. Não bem as vozes, nem as palavras que se traduzem, nem os olhares, na sua maioria, azuis brilhantes. É mais pelo que falam, que se revela como pensam. São muitas vezes muito estranhas. Os rostos não tão próximos pela barreira de sangue. Mas tu com a tua voz mais pausada, no teu movimento próprio, no teu sorriso pousado no meu rosto: da tua altura enorme; esticas um braço e apanhas a estrela que me apetece levar para casa. 

quinta-feira, 26 de março de 2015

Takk...

Houve um pensamento infuso. 
Que atrevimento da morte: levar-te... 
Passam agora quase quatro dias. 
Aposto que os animais, 
a natureza inteira ainda em arrepio. 
Depois, 
o pensamento seguinte: 
querer profundamente que voltes ao mundo. 
Epifania-desastre-incêndio-milagre. 
Porque tudo é transitório. 
Cada sentido de uma beleza irrepetível. 
Palavras fora do texto. 
Linhas exaltantes de transparência. 
E tu sabes que a morte não te encerra. 

Sob a tua pena, tudo marfim e sangue e pele e cabelos muito lavados com o cheiro doce das crianças. 

Agarrarei para sempre o teu génio-milagre. Eu e tantas outras mãos, tantos outros braços. Expectantes, em tronos de troncos, loucos, dedo a dedo imaginando que possas fundir-te a um Sol qualquer. Indestrutível num esplendor conjunto de fogo, de folhas, de risos, de iluminações negras e brancas. E possas mover depois a Terra de uma outra maneira. Tu já és certas cores do céu. Certos teoremas muito exactos onde se desenham os limites das nuvens. Certos fotões. Certos balões que sobem e deixamos de ver, no lugar de onde te debruçarias. Ou qualquer outra coisa absolutamente diferente. Absolutamente por inventar. E então estarás por ali. Sentado do tamanho de um número mais pequeno, sobrelevado, exponencialmente na minha recorrência. Alucinações, falangetas e falanginhas de reacção, inspiração. De cima do teu palco encerrado, de dentro do teu silêncio, tanto espectáculo, tanto ruído, tanto poema. Uma incompreensão sentida nos poros, exactamente como se sente o amor, mas ainda com mais gramática. Uma linguagem de séptimos sentidos. Tu és a púrpura. Uma membrana de seda, de asa. Uma rosa no fundo da cabeça. Abelha-rainha ou uma coisa muito mais masculina. Tu és muitas muitas janelas. Presentes que se carregam na mala. Memórias, com palavras de impossível tradução, letras, a tua, sem pontos finais; em perfeita simetria: HH


domingo, 22 de março de 2015

Stand Up

Sometimes I forgot I live in a island. In my head, I don't feel the sea that close. Then, the seagulls every morning on East, don't come during the afternoon. I think the wings take them from me. And it is all gone. We were much too young. I look to the sky. I learn to don't be afraid. Stand up. Time has passed by. Raise your head to the sky. It will happen.



| Pt |

Às vezes esqueço-me que habito uma ilha. Na minha cabeça, pouco se sente o mar. Depois, as gaivotas que todos as manhãs aparecem a Este, de tarde não me visitam mais. Eu acho que as asas as levam para longe. Porque tudo desaparece. Éramos tão novos. Eu agora olho o céu. Aprendi a não ter medo. Levanta-te. Passaram uns anos. Levanta a tua cabeça ao céu. A coisa irá dar-se.

sábado, 21 de março de 2015

Fjara & Flóð

All this vibration, to know where it arrived, from where it left. That idea. A bit at night, because it speaks more with fingers. When the force to travel. When all those seconds are the energy that shines in the eyes. And even without seeing, I know that those seconds are some kind of sweet. Because there are plans full of honey. From the good that remained over, plus the spring flowers, the sun. And, For a Minor Reflection, all cities are transparent: catching a plane and a metro and a boat just to feel the new text and the almost-mute photograph at that time.


| Pt |

Toda esta vibração, saber de onde chegou, de onde partiu. Aquela ideia. Um pouco à noite, porque se fala mais com os dedos. Quando a força de se viajar. Quando aqueles segundos todos são uma energia que nos brilha nos olhos. E mesmo sem ver, sei que aqueles segundos todos são como um doce qualquer. Porque há planos cheios de mel. Do bom que sobejou, mais as flores da primavera, o Sol. E, para uma menor reflexão, todas as cidades são transparentes: apanha-se um avião e um metro e um barco só para sentir o texto novo e a fotografia quase-muda naquele momento.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Hemlock

Hemlock is a highly poisonous plant, like so many things. Suddenly, people observe psychedelic thoughts. Dragons of all colors and even the ceiling gets lowered. I never tried to feel vibrations that were not those you find with love. A dance for two. Or, a heart swallowing another and, in this league, there is always a side that loses more slowly. And the only thing that I really love in the world is all that vibrates with more intelligence.



| Pt |

A cicuta é uma planta altamente venenosa, como tantas coisas. De repente, as pessoas viraram-se para pensamentos psicadélicos. Dragões de todas as cores e até o tecto falso fica mais rebaixado. Nunca tentei sentir vibrações que não fossem as do amor. Uma dança a dois. Ou, um coração que engole um outro e, neste campeonato, há sempre um lado que perde mais devagar. E a única coisa que eu realmente amo no mundo é tudo o que vibra a mais com inteligência. 

quarta-feira, 11 de março de 2015

Fade Into You

I see you on the sea, Sailor. Leaving a blue trail-line, faint, which disappears in that fringe on the background. You are a tiny part of the sea. And I tremble. The night comes and the dark sea looks even wider. And I think. The sea is so big as the word itself, alone. I say 'the sea' and it is the huge river of my home, and inside there I close your solitude. 


| Pt |

Vejo-te a velejar ao longe, marinheiro. Deixas um rastro-linha azul, ténue, que desaparece naquela fímbria ao fundo. Estás numa minúscula parte do mar. E eu tremo. A noite vem e o mar escuro parece ainda mais vasto. E eu penso. O mar é tão grande como a própria palavra sozinha. Eu digo «o mar» mas é afinal o grande rio da minha cidade e encerro lá dentro a tua solidão.

domingo, 8 de março de 2015

Oya

A hand that catches the wind, embraces trees, feeling a thick sap - softening the trunk. Or it is night: there is a silence of church and the slender trees wrinkling up making the leaves like silk. Writted on the wall appears my name. It can be read in the morning. An opening where the light gets up first on the left, going up slowly, without voice, carrying something to say. Yesterday is gonne, tomorrow is on their way. 


| Pt |

Uma mão que apanha o vento, abraça as árvores, sentindo uma seiva espessa - amaciando-lhes o tronco. Ou então é de noite: há um silêncio de igreja e as árvores delgadas franzindo-se fazem das folhas seda. Escrito na parede aparece o meu nome. Lê-se de manhã. Uma inauguração para onde a luz se levanta, primeiro do lado esquerdo, subindo devagarinho, sem voz, com uma coisa a dizer. O ontem já terminou, e o amanhã vem a caminho. 

sábado, 7 de março de 2015

Hayling

Don't think about all those things you fear. Everything grabs everything. I am the continuing truth of my language. There is no beauty that is not virgin. No new forms. Everything around everything. All comes from the past. I am the beat of the world. And in the grammar of the flowers, I can be a kind of root, blossoming inks. It's me, the most vivid writing, turning the pencil of my finger. Everything gathering everything. As a poem. And the way back is always richer.


| Pt |

Não penses nas coisas todas que receias. Tudo agarra tudo. Eu sou a verdade contínua do meu idioma. Não há beleza que não seja virgem. Não há formas novas. Tudo cerca tudo. Tudo chega do passado. Eu sou o batimento do mundo. E, na gramática das flores, posso ser uma espécie de raiz, desabrochando tintas. Sou eu, na escrita mais viva, rodando o lápis do meu dedo. Tudo unindo tudo. Como um poema. E o caminho de volta é sempre mais rico. 

Sometimes

Sometimes, in some sunny days, there is a sweetness, a disorder, a mix of several other days, golden inside. There is a lack and excess of light, according to the Sun movement at each moment. You open your arms. You breathe differently when we believe. Fear is the space of the phrases that are not read. People are the things they say. And fingers and looks. There are more than enough brightness that reaches the bottom of the glass, from the mirror inside of us. That's way I sing this song. 


| Pt |

Às vezes, em certos dias de Sol, há uma doçura, uma desordem, um misto de outros dias, dourados por dentro. Há falta e excesso de luz, conforma a inclinação do Sol em cada momento. Alargas os braços. Respiramos de maneira diferente quando acreditamos. O medo é o espaço das frases que não se lêem. As pessoas são as coisas que dizem. E dedos e olhares. Há brilho a mais que chega do fundo do vidro, de dentro do espelho de nós. That's way I sing this song. 

domingo, 1 de março de 2015

Inside Out

Seem made from garlic skin. On the other side: a beam of purple lines. The head of a lightning invading the wood of the mountain. It was what you could see in the distance. And the trees, just black silhouettes over the maternal space of the moon. Above there was a future hammered of absence. Days reduced to oxygen molecules, with inside-out eyes.  


| Pt |

Parecem feitas de casca de alho. Do outro lado: um feixe de linhas de cor lilás. A cabeça de um relâmpago invadindo a madeira da montanha. Era o que se conseguia ver ao longe. E as árvores, apenas silhuetas negras no espaço maternal da lua. Acima delas havia um futuro martelado de ausência. Dias reduzidos a moléculas de oxigénio, com olhos de dentro para fora.

Left Hand Free

Raise my flag with my right hand. Hand that takes the arm. Looking back to the sky. There, all is huge. A blanket of water facing but sustained. The latest rains have been mild. But let's say the berries of England are higher. Today is a happy day. I received a green snowman designed by my niece. One thing personified. Children as gods, in these moments.


| Pt |

Levantar a minha bandeira com a mão direita. Mão que leva o braço. Olhar voltado ao céu. Ali, tudo enorme. Um manto de água que se debruça mas se sustem. As últimas chuvas têm sido brandas. Mas digamos que as amoras de Inglaterra são maiores. Hoje é um dia feliz. Recebi um boneco de neve verde desenhado pela minha sobrinha. Uma coisa personificada. Crianças como deuses, nestes instantes.