sábado, 24 de setembro de 2016

I hate you, I love you

Amor e ódio. Não saber onde ficar. Eu sobre disto não percebo muito mas leio e ouço. Fará a traição nascer veias novas nos cantautores? Depois o tempo passa e com ele tudo. A cólera que mina os poros e faz explodir todos os sentimentos na pele. Uma boa noite de sono. Horas. Meses. Estados de transição. Sangue a correr de maneira mais ou menos fluida. Acho que falar de sentimentos é também uma forma de fazer tradução, o problema é que, como defendeu Jorge Luís Borges, "nenhum problema é tão consubstancial com as letras e com o seu modesto mistério como o que propõe uma tradução", mas nenhum idioma é universal, da mesma forma que não existem dois seres iguais.




Way Down We Go

Do we get what we deserve? Então restaurar uma parede velha, esfregá-la bem até voltar a ser branca-cal. Esquecer cada linha negra, cada cavidade, cada ferida, cada má memória e recomeçar tudo. Então pintar por cima. Olhar adiante. Se calhar podemos renascer noutro lugar, como as crianças. Podemos brincar. Eu fingo que não ouço o estalar das bolas. E se eu não for eu, iremos descer por aí, adiante. And way down we go. Mas a Maëva disse-me que: on ne peut pas faire du neuf avec du vieux


domingo, 18 de setembro de 2016

Where to Start

Uma sucessão de recomeços. Só para quem me conhece bem. Se ao menos soubesses o quanto gosto de me manter tranquila. O quanto gosto de gostar de tudo. Aceito durante bastante tempo as interferências da rádio até alterar a frequência. Não tem importância explicar isto porque é apenas como é, mas, com palavras, o que eu quero dizer não é sobre a falta de importância mas sim sobre a incapacidade de transmitir com toda a tremenda verdade que há dentro desta verdade: eu sinto melhor isto em inglês e talvez seja mais fácil de entender, well it seems pointless to explain.


Faded

Finalmente, aquela paz que anunciava mais paz para os próximos minutos. Era capaz de ficar a escrever infinitamente. Sozinha a olhar para mim. Como de carro sentindo a mesma coisa. A estrada ao fundo, de noite sem destino nenhum. Depois descansavamos durante algumas horas, como se estivessemos deitados no sofá a assistir a um filme que só eu vejo. Tu dormias desde o terceiro ou quarto minuto. E voltavamos a ver aquele lugar ao fundo onde o sol nasce. Estranho o sol ocupar um lugar tão grande no horizonte. Tão grande nas nossas vidas. Mas eu dizia sobre mim. Uma fantasia enebriante porque olhei para as linhas das minhas mãos e li.


Opening

Se pudesse apresentar-me por meio de uma música, com certeza não seria inventada por mim. Seria reconhecê-la por alguma alma prodigiosa e colar-me a ela. Uma música como esta. Eu sei que sou toda a viagem da minha existência. Eu sei que percebo a minha tremenda importância. Só eu sei atribuir a validade da minha vida. Decidir a meu favor sem qualquer complexo de responsabilidade. Utilizar a minha linguagem encriptada em música. E tu a deixares-te transformar por dentro. Eu com medo do que há por dentro. Não comunicando o medo. Ainda iremos ver o que isto vai dar. Até lá, enquanto escrevo, o meu ouvido-interno são os meus olhos e a minha vontade de fazer poemas são os mesmos dedos que carregam no piano:





Aloha

Soul lover, which way have you moved? Uma questão de atenção, de reparar em todos os desvios, de sentir e não deixar passar o momento. É que quase todas as canções de amor têm a palavra «amor» algures, e esta não é excepção. Aliás, a origem da palavra «Aloha» é hawaiana e significa «amor» embora tenha derivado para «Olá» por culpa de ingleses. Pena as coisas não ficarem quietas. Porquê mudar o que começa por ser amor? Às vezes penso nas indeléveis diferenças entre o real e o imaginário, penso também que à nossa frente é sempre o desconhecido porque não controlamos nada do que temos, e como isto é difícil para o meu signo. Na verdade, "Control is about as real as a one-legged unicorn taking a leak at the end of a double rainbow". E que belo sketch daria esta frase, ou devo dizer desenho? Só eu sei o que quero dizer com tudo o que escrevo e podes sempre acreditar que no meu caso, para ti, há um qualquer desencontro de palavras que para mim são sempre uma só ligeira diferença: Il y a un décalage entre ce qu'elle dit et ce qu'elle pense. Aloha.

sábado, 10 de setembro de 2016

The Last Day

Continuo a gostar muito de ouvir o Ping-Pong com a Matilde. Descobro coisas novas em coisas antigas que se disseram. Na semana passada falou-se muito em Pintura. E, Picasso dizia que «demora muito tempo a tornarmo-nos jovens». Acho que com a idade (e porque nos magoam e porque vamos sendo também sucessivamente muito felizes) vamos percebendo que só através do perdão nos tornamos tão grandes que, de certeza, não nos escapará o melhor do mundo. Como aqueles budas felizes que se riem gordinhos do tanto que sabem porque afinal há sempre um último dia para renascer outra vez.


He was searching
Blindly behind the days
This life and my, no more
Breaking in the, just to stay awake
His heart was like a stone
His heart looked like a stone

And on the last
You walked out in the sun
You only just discovered the sun
On the last day
And on the last day
When this work is done
You only just discovered the sun
On the last day

All the structure
In scraps, the dark away
All this grey world
My final breath
It's on the dark and gray
It's on the dark and day

And on the last
You walked out in the sun
You only just discovered the sun
On the last day
And on the last day
When this work is done
You only just discovered the sun
On the last day

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Invest

Disse-me para aproveitar a parte pessoal da melhor maneira que posso. E esse cuidar de nós será sempre o nosso melhor investimento: vermos o mundo e termos experiências nas quais nos sentimos bem. E lá fomos outra vez a Saint-Michel. Desta, o sol raiava como só ele pode, transformando o dia numa experiência mais do que feliz. Investir na nossa vida é... ir. So, invest and make it snappy.


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Vinegar & Salt

No essencial ninguém tem razão porque a razão é a fatia mais doce do bolo. Não importa que incomode um pouco a verdade das coisas mas importa abraçar os braços à tua volta. Se ser honesto é sabedoria, glória aos sábios. Eu, sou vinagre e sal. Mais açúcar. Porque há dias de loucura e de drama e de tudo isto misturado que, às vezes, se sente em poucas horas. Apetece muito que venha o Natal mas não me atrevo a chamar o tempo frio. Graças então por ser Setembro.