sexta-feira, 31 de março de 2017

Retrograde

Suddenly, I see. Pode existir cor em tudo. Nas sombras, no branco da parede, no azul minguante do dia. Na tua pele a brilhar junto da minha. Sempre. Sempre. Como eu vejo. Lembro-me de me dizerem que podemos repetir as palavras nos poemas, dando-lhes mais cor. Ai se fosse o Mário Cesariny a citar-me agora. Que sentido para estas palavras. A mesma cor mas muito mais forte. Voltar atrás para refazer. Pois sempre tão fácil a repetição. Como a música electrónica. Tão fácil, parece ser, quando feita por génios. 


You're on your own
In a world you've grown
Few more years to go,
Don't let the hurdle fall
So be the girl you loved,
Be the girl you loved

I'll wait
So show me why you're strong
Ignore everybody else,
We're alone now
I'll wait
So show me why you're strong
Ignore everybody else,
We're alone now

Suddenly, I'm hit
It's the starkness of the dawn
And your friends are gone
And your friends won't come
So show me where you fit
So show me where you fit

I'll wait
So show me why you're strong
Ignore everybody else,
We're alone now (we're alone now)
(we're alone now)
I'll wait (we're alone now)
(We're alone now)
(We're alone now)
I'll wait (we're alone now)
(we're alone now)
(we're alone now)
(we're alone now)
(we're alone now)

Suddenly, I'm hit
It's the starkness of the dawn
And your friends are gone
And your friends won't come
So show me where you fit
So show me where you fit

It's a Man's World

James Brown, Pavarotti. Um mundo de homens. Um mundo de homens que não seria nada, sem uma mulher ou rapariga. E então deixemos uma mulher cantá-lo. Etta James, Christina Aguilera. Ou a Joss Stone, enchida de alma. Podia não ser como é. Mas este é o lugar de todos. Mesmo sem saber onde iremos morar dentro de dias. Porque com ou sem deuses os milagres a acontecerem todas as horas. As nossas horas. You seeMan made electric light to take us out of the dark. Il me fait plaisir poder dizê-lo em vários idiomas, com música.


This is a man's world, this is a man's world
But it wouldn't be nothing, nothing without a woman or a girl

You see, man made the cars to take us over the road
Man made the trains to carry heavy loads
Man made electric light to take us out of the dark
Man made the boat for the water, like Noah made the ark

This is a man's, a man's, a man's world
But it wouldn't be nothing, nothing without a woman or a girl

Man thinks about a little baby girls and a baby boys
Man makes then happy 'cause man makes them toys
And after man has made everything, everything he can
You know that man makes money to buy from other man

This is a man's world
But it wouldn't be nothing, nothing without a woman or a girl

He's lost in the wilderness
He's lost in bitterness

sábado, 25 de março de 2017

Words Are Dead

Se não as soltarmos, estarão mortas. Como tudo antes de viver, também as palavras. Mas outras há tão vivas (não me canso de dizer), palavras tão vivas que as olhamos de frente, e abraçamos com força. Não basta dizer. Nem poder dizer. Mas saber dizer com música. Como esta canção (não me canso de ouvir), de uma sonoridade e poesia que vem de longe, de cima, do frio cozy da Dinamarca. E diz que se as palavras morrerem te darei rosas: I wanna buy you roses / 'Cause the words are dead. Eu tenho um ramo de rosas vermelhas na mesa da sala, como começava a canção.


sexta-feira, 24 de março de 2017

3WW

Há algumas semanas soube da edição do terceiro álbum dos Alt-J mas deixei para hoje o prazer de o sentir. Havia também um honesto receio de decepção. Mas nenhuma razão para esse medo porque aqui é a mesma leveza conhecida, de nos encostarmos na crista do mar e deixarmo-nos ir, não fosse o nome do álbum Relaxer. E, nesta faixa, binária, o dueto de Joe Newman e Ellie Rowsell dos Wolf Alice ditando I just want to love you in my language a comprovar a capacidade de surpreender da banda inglesa. Agora sinto-me atrasada, em relação às outras melodias que poderia ter ouvido no início do mês aquando do lançamento desta masterpiece. Sim, masterpiece, porque nesta banda, esta palavra, nunca é demasiada. 3 álbuns, 3 lados de um triângulo equilátero, perfeito.


sábado, 18 de março de 2017

Runaway

Subiria as árvores com as ganas que os pássaros têm de andar pelo céu e ninguém questiona. Com as asas rapidíssimas dos colibris no Jardim da Balata. Ou mais abaixo e menos depressa pousando de flor em flor. Para meter o bico no pólen em dias de sol. Não me importar rigorosamente nada com fotografias, e reter apenas o som da natureza. Mas para isso teria de continuar a correr. Fugir do calor do chão. E ainda não é tempo para isso. Vou então circulando no mundo. Mais um pouco além. Para no final me rir alto de tudo. Afinal parece que andamos sempre às voltas. 



quinta-feira, 2 de março de 2017

How Can You Swallow So Much Sleep

Como podes dormir tanto? Apetece-me acordar-te com tudo o que sei. As pessoas sentem o calor do sol na praia. E riem das intempéries. Porque de vez em quando há ajustes de granizo mandados do céu. Mas a água do mar está quente. E eu fiquei ali em jeito de magnet de frigorífico. Nem um pouco acima ou abaixo do meu lugar. O pó da areia a instalar-se no chão. Os passarinhos a atravessarem a porta todas as manhãs. E as lições da vida apanhando-me.