sábado, 30 de setembro de 2017

Something in the Way

Algo no caminho. Time to move on anyway. As publicações no Instagram. Os roteiros. Vontade de visitar aqueles lugares franceses típicos como uma feira de gado ou as cabanas coloridas a Sul. De repente, lembrei-me daquela canção antiga dos Nirvana que também se chamava Something in the Way. Como as pessoas que conhecemos com os mesmos nomes que são, no entanto, tão diferentes. Há sempre algo no caminho e, como diz a Inês Menezes no Fala com Ela, 'há sempre uma resposta para todas as questões'. Hoje parece que vai haver chuva.



sexta-feira, 29 de setembro de 2017

The Words Under The Wood

Há uma diferença entre canção e música. E está no que se ouve agora. Se eu não gostasse de Sigur Rós eu não ouviria isto. Como daquela vez junto ao riacho e à pequena cascata em Porto da Balsa, quando eu ouvia a Natureza: os pássaros, a água, o vento, podia ouvir até o verão nas pedras ou na madeira aquecida a estalar baixinho. Havia até palavras que se levantavam. Ou então eu sonhava com elas e quase as ouvia despegando-se das folhas, dos troncos. Ficava com vontade de escrever poemas, de pintar, e de me regozijar com o tempo que havia para me dedicar a isso. A pensar que a realidade é o que se vive porque transpô-la é sempre uma vã tentativa mas nunca uma concretização. Mesmo assim adoro tentar a recriação do mundo. A arte é uma forma pessoal de sentir as coisas belas que criamos. E tudo não deixa de ser uma maravilhosa ilusão. Ceci n'est pas une chanson. 

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Daring to Love

Há pessoas que sabem perfeitamente a razão de virem pisar esta Terra. A personagem principal de A Thousand Times Good Night representa - de câmara em punho - uma mulher com uma missão. Mas a vida é feita de escolhas, de risos, de culpa, de orgulho, de certezas, de enganos, de sacrifícios, projetos. E de muito além disto, numa linha condutora chamada tempo. E é feita de tantos dias e horas e meses que, mais à frente, ao olharmos para trás vemos que, afinal, para encher o coração, só tinha sido preciso (em cada segundo, sem adiar e sem pensar muito) que nos tivéssemos atrevido mais.


Soothing

O respeito por nós próprios, pelos outros e a responsabilidade por todas as nossas ações é uma das regras de vida de Dalai Lama. Outra recomenda que se passe diariamente algum tempo sozinho. Estas eu já respeito. E há uma outra que diz que não conseguirmos aquilo que queremos é, por vezes, um grande golpe de sorte. E isto faz-me pensar, faz-me sorrir e é calmante. Porque há muita verdade aqui dentro.  


quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Oh Woman

Vou guardar só para mim. Porque finalmente senti o fumo porque alguém fez chama do fogo, e até sorriu. - Oh woman, olha o caminho certo. No meu diário secreto também habitam fotografias. Que sorte eu saber que cativo a sensatez e queria dizer a bondade. Sem dizer, espero que seja. Faz de conta que também jogo ao faz de conta. A turma de 97 sabe que, com protetor solar, mais à frente quando olharmos para trás tudo estará guardado. E para colher as boas memórias é preciso saber escolher.


The Night Will Always Win

Pelos muitos pontos que não encontres teus nos outros. Pela verdade que sabes. O resto do mundo lançado ao acaso de acreditar. Parecem brincadeiras de crianças ou como diriam os franceses: bêtises des enfants. E sentes isso com instinto. Coisas dos humanos. Os animais não enganam, nem se enganam. Sentes por ti os teus pontos que não encontras nos outros. A integridade ao espelho à minha frente. A minha vida é muito maior aconchego. Atenção. Convém lembrar que agora são apenas dias, seguindo-se. E a noite irá sempre ganhar. 


segunda-feira, 25 de setembro de 2017

The Long Day Is Over

"Sometimes you have to play a long time, to be able to play like yourself."
Miles Davis


Esta coisa de guardarmos o passado, sem termos noção da nossa capacidade em o armazenar. Um talento invisível, indizível e imenso. Ainda não havia feito referência a esta cantautora que escolheu omitir da sua identidade o nome do pai. Com a música do mundo correndo-lhe no sangue, Norah é um novo movimento de jazz e uma espécie de blues (com alegria por dentro) e que dá gosto escutar. Ainda bem que os dias são longos, assim, antes de irmos dormir, podemos agitar o espírito com gente bonita e bem maravilhosa. Pessoas que, apesar de por lá andarem nas suas vidas, também vêm de encontro às nossas apenas para nos fazerem bem.


Feeling tired
By the fire
The long day is over

The wind is gone
Asleep at dawn
The embers burn on

With no reprise
The sun will rise
The long day is over

Honesty

Honestidade tem tudo a ver com verdade. E tem muito a ver comigo. As alturas das conversas, das promessas, das ideias que se criam quando se é real e se espera o mesmo do outro. Depois, um dia vem e com ele uma grande surpresa. As memórias em vão que levam a um outro futuro. Eu fiquei igual a mim, igual a sempre, ainda que vejas um arco-íris com as cores menos vivas ou, se cantando, em notas menos azuis.


domingo, 24 de setembro de 2017

Inútil Paisagem

Mas para quê? Para quê tanto céu? Para quê tanto mar, para quê? Esta música é para me lembrar que não devemos admitir um mundo pequeno. Eu quero montar uma plataforma para expor o pedaço dele que conheço. Quero colar fotografias, muitas cores, poemas e outros pensamentos. Aqui trago canções. Esta aventura tem-me deixado contente. A outra verei depois. D'abord il y a déjà un chemin. 

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Needless to Say

"The writing process is really a process of uncovering or discovery. The image of the sculpture removing the negative object and revealing the sculpture..."
Max Richter

Running out of love. Os céus de Setembro ligeiramente desbotados. São nuvens. Mais nuvens. Esta música foi escrita num comboio. Não se sabe a razão, mas os comboios são bons lugares para se escreverem canções. Seguimos o caminho num sentido único. Não se pode voltar atrás e as imagens vão passando. À meia-tarde, pensava no nome do álbum: How music fils our Silence. Não é preciso dizer.


quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Bad Love

Grudado. Agora que escrevo parece-me uma palavra do Brasil. Ligeiramente adulterada por conveniência. Agarrado é muito mais nacional. Uma palavra menos intuitiva, mais trabalhada, mais nossa. Mas o tema é mais uma vez este: o bom e o mau amor. O amor entranhado. O amor como o mar em vai e vem. O amor declarado que não apetece perder. Ou sem adjectivos. Simples como dois humanos que procuram saber ser dois simples humanos.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Fuel To Fire

Ao passo que a vida é um massudo conjunto de lições, haverá um sentido moral do universo? Empurrando-nos. Alguém a meter combustível nisso de nos fugirmos da mão. Sim, eu tenho que aceitar. Sim, tu tens que aceitar. Ou será um descalabro bom sem destino? Em todo o caso, temos a música para nos encontrarmos. Ou, sempre que nos perdermos, tê-la-emos para nos encontrar. Do you want me on your mind or do you want me to go on/ I might be yours as sure as I can say/ Be gone be faraway. 

Not Everything Was Better In The Past

De manhã, o inverno a aparecer gelado. Ainda a noite abriga os primeiros passos a caminho do trabalho, e os médios não têm tempo para dar lugar aos mínimos. Ao fim da tarde, a tinta verde do campo inunda ainda o horizonte junto ao mar. Parece que o Verão foi para longe. O Sol voltado ao contrário, ou de frente para outra direcção. Foram dias passados a correr, esses de calor, que deixam sempre saudade. Mas vai-se encurtando o tempo que falta para uma outra empreitada, um outro lugar, uma outra vida. Nem tudo era melhor no passado. Je suis vraiment médusé. Com tudo o que tenho aprendido aqui.

sábado, 16 de setembro de 2017

See Me

Entre todos os passageiros. Vê-me entre todos os livros. Em todos os lugares. Em frente aos rios e aos mares. Nas viagens que quero fazer. Nos comboios, barcos, nos aviões. E caminhando. Vê-me também a parar para gravar todas as imagens possíveis conter. O futuro é um imenso labirinto. Com esquinas e curvas de arbustos. Vê-me nos campos, nas montanhas mais altas. Entre todos os povos. A atravessar fronteiras. Vê-me com o cabelo ondulando ao vento. À chuva. Deitada ao sol. Vê-me sorrir contente com as histórias de cada momento.


Windows

É um novo dia. Novo dia diante destas janelas. Os olhos desenham instantaneamente o horizonte. Há sempre diferenças em relação a ontem. Os automóveis arrumados de maneira diferente. E há muito menos autocaravanas agora que o Inverno parece antecipar-se. Outras coisas agarram ainda o Verão. Vão as pranchas para o surf como malas. É um desfile até à água nestas paragens. E se calhar não está o frio que parece. 

S t r o m a e

Ruandês pelo pai, belga porque lá a terra o fez nascer, compõe uma mistura de sons ímpar na sua mesa. Invertemos a palavra maestro et voiláUma espécie de tutor entusiasta pela música electrónica aliada ao rap e muito mais. Crítico entusiasta da sociedade, autor e mestre de discursos fortes de verdade e cerimónias despidas de adornos. Afinal pode ser puramente simples descrever os dias e seguir com eles um pouco por todo o lado. Stromae faz a sua música em jeito black and white com um sorriso na face. "Qui dit proches te dis deuils/ Car les problèmes ne viennent pas seul/ Qui dit crise te dis monde dit famine dit tiers-monde/ Qui dit fatigue dit réveille encore sourd de la veille/ Alors on sort pour oublier tous les problèmes". Participou nas TED talks com uma humildade bilingue comovente para explicar a construção das suas músicas, recorrendo a Alors on Dance:


Tudo motivos para a sua aparição se ter tornado viral. Para milhares de seguidores nos seus concertos. Não é apenas música do que aqui se fala, é todo um espectáculo ainda que se dance em frente. Talvez a particularidade de se transformar em palco como em Formidable aqui aos 58 minutos:


E diz-se genial apenas porque está no sangue dos artistas a coragem desprovida de senso comum de se diferenciarem dos transeuntes mundanos. Está só ao alcance destes, não se aprende a ser mas podemos assistir de longe ao improviso não menos provável nesta versão-projeto filmada para o clip mas atenção que «Ceci n'est pas une leçon».  


Na sua originalidade, e, sem qualquer receio em dar-se a conhecer, chamou a atenção do mundo. O seu registo manteve-se quando partiu à conquista da América por Seattle, Nova Iorque, e em São Francisco partilhou outro capítulo do seu diário de bordo onde o improviso novamente a caracterizá-lo: Dois, Três, Quatro.


Muitas versões, ocasiões para só uma palavra, um só título, uma só canção em repeat, mas também justamente um só adjectivo: Formidable

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Thunder

No outro fim-de-semana, terminei a sétima temporada do Game of Thrones. Isto, a propósito de dragões imaginários e de domingos frios, mas falando de tempestades penso que o mundo pode descansar pois o Irma já passou. É tudo passageiro: Byron disse sobre as tempestades que (se repararmos bem) elas, como as emoções, começam em bonança «Tranquilos o céu e a terra - mas não adormecidos,/ Porém sem ânimo, como nós quando apaixonados,/ E tão silenciosos como se acordássemos de profundos pensamentos» e a mudança vem depois. 


quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Depth Over Distance

Na verdade, foram eles que marcaram a renovação da poesia: não, os autores não, antes os apaixonados. Talvez eu escreva melhor quando a profundidade é maior do que a distância. Porque calcas o chão e enterras-te um pouco nos teus dias. Levas os pés molhados à areia depois de mergulhar e desces até aos joelhos nesses pensamentos, talhados de apenas memórias. Eu continuo neste presente longe de florir, aliás cada vez se avista mais o Inverno. Mas a vida é muito grande e cheia de coisas mesmo enquanto se aguarda o sol de amanhã. 


terça-feira, 12 de setembro de 2017

Visões Ficções

Ouço Dead Combo
as guitarras tocam
e há uma voz,  
embalando, 
para começar
em jeito de lullaby,
a abraçar a gente.
E eu
deixada em terra firme
com o mar em frente
vejo a passagem dos corpos
náufragos.

E ao 
escrever este texto-poema
percebo que 
todos os meus textos são poemas
e não há parágrafos 
nos meus textos-canção.

Ouço esta música
como uma nova condição,
não escrevo, 
sinto,
porque as pinturas na água 
são como corridas de corpos loucos
como ficção de cinema.
Da janela de casa
vai o ruído do mundo a passar,
e, na interpretação,
há sempre uma pena de ave
a cair na minha mão.

E ao 
escrever este texto-poema
percebo que 
todos os meus textos são poemas
e não há senão a verdade
nos meus textos-canção.


segunda-feira, 11 de setembro de 2017

She

Este She, pós Elvis Costello porque a repetição, mesmo do que é belo, cansa, vem arrepiar-me a pele. Com aquele efeito novo que - diz quem estudou tratar-se de uma reacção de superior sensibilidade - me faz sorrir ainda mais em relação ao sentido que a música ocupa na minha vida. Sim, ela reflecte-se na minha pele. Ela dança na minha cabeça. Ela liberta-me do meu tempo. Uma dimensão de magia a contar histórias pela minha mão. Ela, e somos sempre tantas: aquela música e eu.



she cut a hole in the fence and she ran
she left her troublesome prison behind
she didn't wanna fuel the fire
she didn't wanna lose her desire

she looked out to the horizon
she didn't have much left to see 
greed had taken the trees away
greed had taken the bees away

she don't know where she's gonna go now
she looked up to where there should have been stars
she said I wanna go to mars
and this, this planet ain't ours

Go Solo

Malha perfeita para eu receber. Não deu na rádio no carro, veio pelo bico de um corvo. Porque os corvos também trazem gelados de morango com chocolate quente no bico como quem assobia de longe aquela canção que faz o coração derreter. Ou pode ser só o chocolate, eu que amo coisas doces, divido-me nisto. To build a home, depois do primeiro minuto, também se escuta assim, com os pêlos dos braços a deixarem de dormir. E ninguém precisa de falar, apenas de ouvir. As nossas almas vivem felizes no fogo do pensamento. Go Solo que a vida se tiver que ser será aqui na Terra ou fora dela como num campo de balões.

domingo, 10 de setembro de 2017

Pausa (Número Oito) para Publicidade

Como vender um automóvel?



e se eu (só) quiser a música?

(interpretação de Flo Kirton expressamente para o anúncio)


Full Circle

Isto de fabricar música é arte. Até aqui nada de novo. Talvez haja mais que uma diferença entre o mínimo e o vazio. É esse o perigo de explorar emoções. Vejo que tenho as prateleiras bem arrumadas. E graças a ti, há novas faixas para ouvir. A internet tem funcionado bem e sem surpresas. E a vida tem que continuar no seu sentido longo de voltar ao ponto de partida. O problema é eu saber que cada vez que fecho as janelas estou a perder o meu sol. Então espero que se levante.


sábado, 9 de setembro de 2017

Elizabeth Taylor

Outra lição. Lábios vermelhos. Rosas. Cinturas de vespa. Como eram então as atrizes. Eu nunca quis fingir as coisas. A gente é o que é e pronto. Podemos escrever personagens mas dedicar com respeito o tempo e a verdade à vida. E que o ciúme desapareça do mundo, levando com ele todos os fantasmas. Quando havia rolos fotográficos, pensavamos sempre duas vezes. Talvez também antes de falar. Era melhor quando havia a prudência em tudo. Dificil é saber como poderia ter sido.  



To You Alone

Decidimos todos os dias. Hoje apetecia-me pintar mas não havendo aqui uma tela e todo o meu material, vou-me voltando para o céu com uma câmara próxima, às vezes apenas o olhar. Por acaso hoje, até vi uma porção do arco-íris e nuvens gordas carregadas de todas as cores. Finalmente vim escrever para que talvez me possas ler. Com tanta França decorrida neste tempo, juro que nunca tive certeza nenhuma. Apenas me parece ser por ali.  


Cried out, to you alone 
Whats in you? Throw me a bone. 
Oh life, what did you know? 
How do we ever decide? 

Careful love, blow it away 
Let's go there, what do you say? 
Oh life, why did we wait. 
How do we get to the sky? 

Called out, to you alone. 
What made you? Maybe you know. 
Oh life, let it all go. 
How do we get to the sky?