sábado, 31 de dezembro de 2016

Our Love

Último dia. Balanços? Não. Porque eu realmente vivo dos meus pensamentos diários, e as palavras, essas, não têm prazo. São as cores do meu mundo real. E há um sentido mais atento para elas onde digo sobre o amor mais verdadeiro e onde me sinto viva, porém, tanto mais viva quanto mais existirmos tu e eu debaixo do mesmo sol ou sob uma mesma lua suspensa. Outras vezes, eu com sol e tu ainda com lua. E é também qualquer parte desta luz que ilumina uma tragédia imensa de estrelas sem vida (o Bowie, o Cohen, o Prince, entre tantos mais), que são pura poesia. Mas elas irão, como tu e eu, perder-se, de madrugada, ao primeiro sinal da manhã. E daquele leito de céu (que é afinal um universo sem fim), elas sabem (como tu e eu soubemos desde o princípio) que no amor não existe um último dia. Os outros não percebem. And I tell them that its you that I want / And they tell me that I got it all wrong / It don't matter if they think that were lost / Cos they don't / They don't understand our love.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

My Name

O meu nome. Importa apenas que o digas. Naquele espaço ao lado da multidão. Porque há sempre um lugar para nós, junto aos outros. Um sítio que habitamos juntos, em frente ao grande espéctaculo do mundo. Nada me faz falta que eu não tenha já. E o meu texto é para que leias nos teus olhos o tamanho inteiro do meu amor.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Then I Heard a Bachelor's Cry

Don't know what it was that had made you to come by. E tanta mais coisa não se sabe. A clarividência do cosmos. Certezas do fundo dos mares. Ou do mais alto acima dos montes. O medo camuflado dos paraquedistas. A beleza oculta com as nossas mãos endedadas, dentro da sala pequena do navegador. A tua atitude destemida face a todas as adversidades. E eu confio. Entretanto, Lisboa fica-nos bem. 


domingo, 25 de dezembro de 2016

Flute Loop

Também havia uma flauta naquela passagem do filme. Porque às vezes tudo é como um filme. E nem a minha poesia, nem a tua, nem os desenhos dos nossos dias, ou o som da natureza. Ou a força do teu corpo. Ou do meu pensamento, o meu olhar, o teu olhar de volta, e nem serve pensar que a gente pode não conseguir ter tudo. Porque eu posso mesmo fazer acontecer qualquer coisa quando tu estás lá em cada coisa. E até fico com medo de ser tão feliz assim. 


sábado, 24 de dezembro de 2016

Sun Leads Me On

O Sol guia-me. E então tu vens. Porque em festa acontece tudo. Não por ser Natal mas porque, por acaso, o é. E nós, observadores lúcidos, agora muito entorpecidos, olhamos um para o outro e sabemos o que se vê. Reconhecemos. Tu és como aquela luz que nunca se apaga. Nós somos um caso singular, de abrigo, num presente amorosamente construído, onde a paixão não tem conclusão. Não sei se reparaste mas é sempre Verão quando estamos juntos.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Corbeau blanc

O início desta tem muito de Blur em Under the Westway. Tiro de inauguração, tipo de celebração. Porque, hoje, para mim há ares de festa até em trilhas de despedida. É tudo tão surpreendente: os amigos que temos, as paixões que descobrimos, ou o sabor tão adocicado de uma mera vídeo-chamada porque o amor está mesmo em todo o lado.


Femme Like You

Bonjour, dizemos nós. E dizemos isso de dia, de tarde. Caramba, o céu parece apontado ao Sol e eu a preocupar-me com o significado da luz que se reflecte por estas terras diferentes. Podíamos brincar de fazer o pino, tirar as mãos do chão em palmas, em preces, naqueles delírios de quem sabe que existe. Por falar nisso, tens um avião para apanhar agora e eu quase a deitar-me depois de hoje, num tão bom dia, descobrir que eu sou uma mulher como só eu sou. 

One Day After Another

E foram dez dias de cárcere. A seguir, é possível entender o quão forte podemos ser. Porque os ventos continuam a soprar cá fora. Não se via do outro lado da vidraça, não se ouviam. Mas o futuro preparando-se por ali. Ninguém sabe os caminhos certos. E agimos com a nossa verdade, a nossa vontade, a braço dado com a nossa intuição. Mas, muitas vezes, é muito importante esperar para ver. Haverá sempre um dia a seguir ao outro.

Riptide

Primeiro, aquilo sem palavras que dizemos. No outro dia, a minha cabeça estremecia mas só hoje ela estremece. Era a tua cabeça, a tua dor, o teu amor. Eu sou a minha meia-balada. Às zero horas em ponto, saio. E esta é a primeira música que ouvi em mono. A correnteza das pessoas no meio de toda esta aventura. Fez-me feliz. E agora começo a ouvir vozes de máquinas quando ouço ao longe. E ecos na minha cabeça. Mas sem tremer, pronta para o que dissermos depois.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Winter

He says, "When you gonna make up your mind? / When you gonna love you as much as I do? / When you gonna make up your mind? / 'Cause things are gonna change so fast. / All the white horses are still in bed, / I tell you that I'll always want you near, / You say that things change my dear." Ainda faltam uns dias para partir. E para começar o Inverno. Mas este ano o Verão há-de chegar logo a seguir.


segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Eternal Sunshine (The Pledge)

Podia ser o tema principal do filme, mas este tem mais discurso. Como coisas que dizemos que adiantam substância ao dia. - Gostava tanto de comprar umas barbatanas do teu número. É um sol que não se apagará jamais, pois esta versão traz uma promessa. Tocam cordas de um instrumento como amarras que prendem. Prestamos atenção a tudo em volta, damos mais atenção ao instante, ali. Basta sabermos que um dia iremos nadar juntos. E, naquele momento, sentimos aquilo que precisamos.


Bibo No Aozora

O Japão ainda na minha mira. - Iremos depois, dir-me-ias ao ouvido. E às vezes parece que te estou a ouvir. Vejo-me a olhar para ti. E continuo a ouvir-te. Sorrimos os dois. Acho que podia inventar letras para canções. Poemas que falassem da coragem que tens por mim. Da esperança que em ambos se sente. E da tristeza que guardo mesmo dentro da alegria que trago, sempre.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Wrecking Ball

A letra da canção. Há sempre uma canção que adere à nossa vida. Ou uma canção para pensar de ti. Uma canção com uma pedra grande dentro. Pedra que tentei atirar-te. Uma canção para desembrulhar depois. Mas o meu coração tem pressa. E a minha força foi em vão até se transformar nisto. Querer sorrir para ti, deitada, sem força nenhuma, até ver as palavras em torno de nós sem peso algum no meu corpo. Depois espalhavas o teu olhar e eu podia sentir aproximarem-se os dedos. Porque um sonho vertical é muito mais exacto e nada paralelo. Ele nasce perpendicular à terra a apontar as estrelas. Em guias de silêncio. Mas haverá sempre outra canção para desembrulhar depois.


We clawed, we chained our hearts in vain
We jumped never asking why
We kissed, I fell under your spell.
A love no one could deny

Don't you ever say I just walked away
I will always want you
I can't live a lie, running for my life
I will always want you

I came in like a wrecking ball
I never hit so hard in love
All I wanted was to break your walls
All you ever did was wreck me
Yeah, you, you wreck me

I put you high up in the sky
And now, you're not coming down
It slowly turned, you let me burn
And now, we're ashes on the ground

Don't you ever say I just walked away
I will always want you
I can't live a lie, running for my life
I will always want you

I came in like a wrecking ball
I never hit so hard in love
All I wanted was to break your walls
All you ever did was wreck me

I came in like a wrecking ball
Yeah, I just closed my eyes and swung
Left me crashing in a blazing fall
All you ever did was wreck me
Yeah, you, you wreck me

I never meant to start a war
I just wanted you to let me in
And instead of using force
I guess I should've let you win
I never meant to start a war
I just wanted you to let me in
I guess I should've let you win

Don't you ever say I just walked away
I will always want you

I came in like a wrecking ball
I never hit so hard in love
All I wanted was to break your walls
All you ever did was wreck me

I came in like a wrecking ball
Yeah, I just closed my eyes and swung
Left me crashing in a blazing fall
All you ever did was wreck me
Yeah, you, you wreck me
Yeah, you, you wreck me

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Primavera

Hei-de te amar, ou então hei-de chorar por ti. / Mesmo assim, quero ver-te sorrir... / E se perder vou tentar esquecer-me de vez, conto até três / Se quiser ser feliz... Quero sempre ser feliz. As temperaturas vão descendo e mais uma camisola por cima de outra. O frio entranha-se em nós. Mas é bom sonhar que a Primavera venha a antecipar-se, porque eu posso sempre ir atrás dela. 


terça-feira, 29 de novembro de 2016

The Sacrifice

Porque o amor dos homens é feito de vontade, de desejo. Não há nada de certo, nada de errado, somente esta afirmação-verdade. Não há nada que possa lembrar melhor ou esquecer mais. O amor está lá, persiste quando as pessoas partem, resiste quando desistem. O amor é um enorme estado de possibilidade. Aquela sensação de imensidão que apenas se encontra na natureza quando não há mais nada, e, naquele momento, em que se reconhece o poder absoluto de se ter tudo.


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

I'm Not Worried At All

I'm not worried at all. Há aquele ir e voltar porque as pessoas são feitas de mar e de dias. Com estórias que ardem por dentro. Muitas vezes olhava para ti sem saber. Havia umas vinte varetas em cima da mesa. Agulhas no meu peito, depois. Era um tempo rápido de oficina. Agora, há uma paz exterior de garrafa fechada. E uma pele não tocada que se enruga ao frio.  


domingo, 27 de novembro de 2016

Sunday

O bacalhau bem instalado no goto. É domingo, e é tão bom ser português. O vinho desce ao seu lugar. Há ainda tempo para sonhar um bocadinho com o futuro. O futuro parece-me ser um lugar algures no universo, onde por certo irei dar. E onde, sem mim, te disseste perdido. O amor é uma obra astronómica, nada escuro, cheio de artérias que orbitam por nós, vivo como as semanas e onde não corre vento nenhum.


Psycho Killer

Ce que j'ai fait, ce soir-là / Ce qu'elle-à dit, ce soir-là / Réalisant mon espoir / Je me lance vers la gloire, okay. E ele atira-se do alto da sua loucura. Quase 40 anos para os Talking Heads. E vai dar ao mesmo. Um tiro na macieira, rapaz. Certeiro que me atira ao chão. Agora são as palavras na mira ou ainda o meu coração. Ao menos não apodreceremos nos galhos como todos os outros porque eu e tu nunca seremos pessoas maduras.


sábado, 26 de novembro de 2016

O Sentido do Tempo, IV

Ainda sobre o tempo, o sentido de tudo
Eu disse-te que seria uma oração
Sem deuses, porque todos são deuses

Se soubessemos as respostas rápidas
Do mundo, não precisariamos de céus
Se soubessemos, não seriamos 

Como um alarme ou uma canção, 
E entre nós, correriam estrelas, 
Correriam luas, e o vento devagar

Mas eu não sei por onde andar
Porque eu não sei para onde olhar
Só onde tu estiveres, haverá magia 

Ainda sobre o tempo, e as horas
Foi um movimento que eu não queria
Fugir dali, e andar por qualquer lado

Mas agora, como viver deste longe daqui
Há um postigo para partilhar loucuras
Lembrar a bravura e perseverança
Com saudade da criança que vive em ti.


Cherbourg, 26 de novembro de 2016

Nightlite

A noite caiu logo de manhã. E, como alguém disse, nem é o tempo, nem são os dias, mas são as pessoas que fazem as estações. Mas hoje enchi-me de coragem para pensar de maneira temperada. Porque o que importa é animar a nossa alegria. O Sol não sabe nada de distâncias. A noite também pode vestir mais uma camisola, e pôr as mãos nos bolsos, na experiência de se vestir em silêncio. E então podemos despedir-nos com aquele aceno de quem abraça... Hasta siempre.


sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Baby

You've got ways, I've ever seen on anyone. Portanto, voltam os poemas às minhas veias. Apesar do frio, há um propósito aqui. E cheira-me a duas da tarde, algo que vem do mar ou desce da lua, naqueles compassos sem tempo em que vou dormir e parece que te levantas da cama, colando-me um beijo na cara. Mas se calhar não é nada disto... continuam a cair as folhas de outono não se encontrando jamais. Dizia Borges que o sonho e a realidade confundem-se mesmo. 

 

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

The Sun Will See

The sun will see through me. De repente, ouço a noite. Porque a noite fala se estivermos em sintonia com aquela espécie de luz que vem lá de cima. L'étoile merveilleuse, eu pensei. Porque em França devemos pensar em francês, mesmo que mais de 6 mil quilómetros tracem uma linha que começa e acaba em fusos diferentes. Uma mesma frança apartada mas una. O mundo tem estas graças com as coordenadas onde existimos. E às vezes somos mais vivos quando o encontramos a bombar em nós.

domingo, 20 de novembro de 2016

Hoje É O Primeiro Dia do Resto da Tua Vida

Uma frase batida, é verdade. Mas hoje é o primeiro dia do resto da minha vida. Antigo provérbio que muitos gostariam de ter sido autores. Tão simples, bonito. Como é tão simples tudo no nosso mundo. Respirar, sonhar, errar, beber, sentir. Querer sentir mais. Viver. E o que é a vida? São momentos e sonhos e risos e ideias e nada disto tem forma material. Tudo o que vive no céu se transforma em água. Paciência. Pois eu tenho tanta alegria e tristeza em mim que comigo nunca estou só. 

domingo, 13 de novembro de 2016

Every Time

Cada vez que se diz adeus é definitivo e repete-se. E morre-se um pouco porque todos os dias morremos. As crianças não, elas crescem sempre para a frente. Não sei exactamente em quem altura isto muda, mas é quando começamos a andar para trás. E a vida podia ter sido sempre de outra maneira, podia. Se gostas de música, e eu gosto de música. Se gostas de viver, e eu gosto de viver. Se gostas de viajar, e eu gosto de viajar. Mas somos muito mais do que isto, porque somos uma coisa imensa com memória de cada hora, de cada dia, e de cada vez que não fomos um mundo a sós.


sábado, 12 de novembro de 2016

Lower Your Eyelids To Die With The Sun

E fechar bem as pálpebras para morrer com o Sol. Mas não hoje. Hoje é dia de sentir a sorte. A envolvente da sorte vestindo-me, como se também ela com formato de corpo me pudesse abraçar. E de uma maneira sentida. Entre a dança e a orquestra. Com aquele poder de quem voa, com música, e num lugar enorme. Depois perder a gravidade ou a noção da gravidade. E eu podia estar ali e começar a voar.

Drift And Fall Again

Circulos viciosos. Isto de se ter alegria de viver. Com uma pitada de flor de sal. E assim o meu coração bombeia a branco. Como vagas num mar estranhamente vivo. Esta música tem um modo de começar bonito como tudo o que começa. E hoje era um bom dia para romances. Digo: um bom dia para escrever. A chuva cai lá fora. O Leonard morreu. Foi o frio de Novembro que ele escolheu. Eu já iria sem pensar atrás do Sol mas às vezes não se pode saber para onde se vai. Há que ficar à deriva e voltar a cair, se tiver de ser.




quarta-feira, 9 de novembro de 2016

That's Life

O pato ganhou mas penso que a minha vida mudará pouco com isto. That's Life, you know. Não fico triste nem fico contente. Fico mais uma vez a olhar à distância a sede de mudança que embala o mundo. Carregar no botão correto para ligar mas se tal não funciona, carregar num outro. Uma cegueira de tentativa-erro. Num mundo onde eu por acaso existo. Sei que preciso de ser honesta comigo, e se isso for egoísmo que seja. No final, todos seremos um planeta a sós. Assim é a vida.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

I Will Follow You

A quem? Uma música de mim para mim. Semente e chuva e água e sol e amor que nutre. Uma canção misturada em outra. Presente embrulhado em passado. Somente eu sozinha a ser o meu destino. Posso cantar bem alto e ouvir-me. É uma música de mim para mim. Coisa mais verdadeira. Poder cantar bem alto. Ser. Viver. Seguir um pensamento. Enfin, c'est l'heure.


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Breakdown

I hope this old train breaks down, so I could take a walk around and / See what there's no time you see, time is just a melody. O tempo é apenas uma melodia. Será? Esta pergunta faz-se com um sorriso de quem não sabe. Um sorriso de quem espera da vida. Pois ainda muitas estrelas cairão do alto, em noites frias como esta. Pois ainda muita música me fará acreditar em estórias. Pois ainda muita coisa haverá por aprender, em tudo quanto me distrai, e eu a pensar que fico parada mas, na verdade, eu estou, como este álbum, in between dreams.




domingo, 30 de outubro de 2016

Daydreaming

«Honesty saves everyone's time.» Ter-me-ia feito mais leve. Sonho rodear-me de gente verdadeira. Continuo a pensar no tropeço que dei. E não sei se entendi. Por que razão eu trabalho para prevenir todos os males e no meu espelho aquilo se espalha e multiplica. Ou sobre a ficha onde se lê Trébuchement com um quadradinho ao lado. Não dá para compreender, rapaz. É preverso. Que raio de sentimento achei eu haver em nós. Dreamers. They never learn. They never learn. Esta música é triste, a vida é estranhamente dura, e o amor tem espinhos-mutações. Mas depois passa, como uma canção gasta. Daquelas que não ouviremos mais. 


terça-feira, 25 de outubro de 2016

The Devil's Chariot

O carrinho do Diabo levou-me toda a esperança, pareceu-me. E sem ela, vaguear-se-á ao dará. Uma direcção providente. E o vento empurrará caminhos, libertando-me. O carrinho do Diabo não tem cor nem forma. E as rodas voam sem tocar o chão. Uma espécie de tapete onde te sentas e deixas levar, com diversos instrumentos músicais que servem para distrair do óbvio. Eu que tanto gosto da batida alternativa. Música electrónica para receber o Inverno com uma manta no colo, sem qualquer desejo que haja um gato por perto para saltar de repente, em meu aconchego.


I Follow Rivers

Não há mais chuva, não há. Não há mais medo, não há. Não há mais choro, não há. A Shakira a dizer de longe, um filme, um livro, um concerto ao vivo em Las Vegas, como se eu lá estivesse estado. Porque às vezes é preciso saber mais sobre a nossa vida. Parece que nunca aprendo. O título daquela música falava sobre hoje. Um adeus muito concreto. E uma decisão súbita de partir. Mas os fracos continuarão a fazer frente aos fortes, com as suas efémeras inverdades. Que sorte e que importância terei eu num mundo com tantas surpresas? Cada nova decisão, parecendo-me andar para trás mas não. Não há caminhos para trás com a rotação imparável da Terra. E eu sigo rios, tantas vezes tocando o mar. 

domingo, 23 de outubro de 2016

Deep Blue Day

Com a sede dos trabalhos manuais ou a loucura de me distrair, embalsamei o Grito. Porque é preciso seguir. E o tempo empurra a vida para a frente. Duzentas e setenta e sete músicas e eu. Curioso isto de ouvir uma canção e dizer sobre ela. Que diria eu sobre esta duzentos e setenta e sete dias atrás? Diria que existe um azul único para cada um de nós mas "que estas palavras, desta vez, não sejam apenas uma repetição, sílabas monótonas gastas pelo tempo passado à espera de serem utilizadas, às voltas no bolso, entre chaves e moedas."


This Old Relaxation

Ainda se ouve o eco do idioma francês. Parece que se desliga mas uma pequena forma excêntrica agarrar-se-ia ao meu ouvido, ao meu olho direito se estivesse deitada de lado. Durante todas as luas do filme. E mesmo que não te transformasses com ela, eu veria nas tatuagens um passado muito grande que nada teria de meu. Dois braços, dois ombros, e duas incríveis estórias: a nossa e a outra meio-inventada, muito distante das pinturas sobre a tua pele. Ainda se ouve o idioma do teu excesso. Ainda se sente a terra a tremer. Parece já ter passado um mês. Entretanto, foi muito menos tempo mas o nosso foi tudo. Obrigada por esse tanto.


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Nightcall

Para dizer-te como a noite caiu. Chegou a altura. Uma canção mais própria para as tuas colunas de som, guardada para esta altura. Para dizer-te como o sol acabou. Há as flores mortas em naturezas mortas, nuas para recolher por outras bocas. Para dizer-te com outros instrumentos. O amor inteiro inundado por uma luz escassa. Uma sombra que mal se vê do canto. Uma silhueta perdida, talvez. Por certo a minha alma à espreita. Queria gritar agora. Porque antes cantava sem saber o valor deste pranto.


Old Waltz

Um convite para uma valsa antiga. Levarem-te a mão. Um compasso de espera antes de levantar. Ainda na iminência do toque. E sentir aquela urgência do que vai acontecer. Entretanto, a música já terá iniciado, claro. O ambiente tem um certo estilo. Habituamo-nos a esquecer coisas magnanimes mas por mim eu levaria a vida inteira a redescobri-las. Encher a alma. Música assim que se consome com projeções de momentos que nunca viveremos. A imagem do mar fortíssimo. E os dois a avistá-lo de um lugar impossível de estar. Mas apanhavas a mão e lá estavamos já, perdidos e encontrados.


Om

Este título como um mantra que se repete. E repete e repete e repete. Por uma vida inteira. Coisas que não se aprendem. Porque o amor tem aqueles desígnios. A memória é uma esponja traiçoeira ou uma melhor amiga, dependendo de como queremos sentir-nos. Antes. Depois. E principalmente durante. Porque enquanto dura vamos sempre a tempo de decidir com que movimento, com que orientação. Depende do que escrevemos na nossa história, com que tinta, com que força, com que alma, com que tudo e com que nada.


quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Zebra

As listas pretas e brancas. Exatamente como a nossa radical existência. Uma hora está-se ali bem, muito bem. Depois, a coisa tem de mudar. E dá-se um salto entre o preto e o branco, ou do branco para o preto. E eu nunca me preocuparia em habitar lugares cinzentos. Mas o negro, a ficção de um conforto. Tanto tempo. Uma hora, um minuto, um segundo. O engodo, o furto, e ideias desgraçadamente comandadas pelo ímpeto irracional. As minhas zebras estão para trás, como uma lista de tantas coisas, mas o futuro tem todas as cores.


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Dancing On My Own

Cantar sozinho. Ser observado. Corando por dentro, e por fora em sorrisos. Aquela cumplicidade infantil que não se vai embora por mais intimidade que exista. Como quando peço um desenho aos meus sobrinhos e observo a cara-reacção. É tão bonito... Uma inocência que parece não amadurecer jamais. Coisas que sinto na pele. Fico a olhar para eles e não digo nada. Deixá-los ser. Dar-lhes atenção. Porque agora já não canto. Chegou a altura de dançar sozinha. 



sábado, 24 de setembro de 2016

I hate you, I love you

Amor e ódio. Não saber onde ficar. Eu sobre disto não percebo muito mas leio e ouço. Fará a traição nascer veias novas nos cantautores? Depois o tempo passa e com ele tudo. A cólera que mina os poros e faz explodir todos os sentimentos na pele. Uma boa noite de sono. Horas. Meses. Estados de transição. Sangue a correr de maneira mais ou menos fluida. Acho que falar de sentimentos é também uma forma de fazer tradução, o problema é que, como defendeu Jorge Luís Borges, "nenhum problema é tão consubstancial com as letras e com o seu modesto mistério como o que propõe uma tradução", mas nenhum idioma é universal, da mesma forma que não existem dois seres iguais.




Way Down We Go

Do we get what we deserve? Então restaurar uma parede velha, esfregá-la bem até voltar a ser branca-cal. Esquecer cada linha negra, cada cavidade, cada ferida, cada má memória e recomeçar tudo. Então pintar por cima. Olhar adiante. Se calhar podemos renascer noutro lugar, como as crianças. Podemos brincar. Eu fingo que não ouço o estalar das bolas. E se eu não for eu, iremos descer por aí, adiante. And way down we go. Mas a Maëva disse-me que: on ne peut pas faire du neuf avec du vieux


domingo, 18 de setembro de 2016

Where to Start

Uma sucessão de recomeços. Só para quem me conhece bem. Se ao menos soubesses o quanto gosto de me manter tranquila. O quanto gosto de gostar de tudo. Aceito durante bastante tempo as interferências da rádio até alterar a frequência. Não tem importância explicar isto porque é apenas como é, mas, com palavras, o que eu quero dizer não é sobre a falta de importância mas sim sobre a incapacidade de transmitir com toda a tremenda verdade que há dentro desta verdade: eu sinto melhor isto em inglês e talvez seja mais fácil de entender, well it seems pointless to explain.


Faded

Finalmente, aquela paz que anunciava mais paz para os próximos minutos. Era capaz de ficar a escrever infinitamente. Sozinha a olhar para mim. Como de carro sentindo a mesma coisa. A estrada ao fundo, de noite sem destino nenhum. Depois descansavamos durante algumas horas, como se estivessemos deitados no sofá a assistir a um filme que só eu vejo. Tu dormias desde o terceiro ou quarto minuto. E voltavamos a ver aquele lugar ao fundo onde o sol nasce. Estranho o sol ocupar um lugar tão grande no horizonte. Tão grande nas nossas vidas. Mas eu dizia sobre mim. Uma fantasia enebriante porque olhei para as linhas das minhas mãos e li.


Opening

Se pudesse apresentar-me por meio de uma música, com certeza não seria inventada por mim. Seria reconhecê-la por alguma alma prodigiosa e colar-me a ela. Uma música como esta. Eu sei que sou toda a viagem da minha existência. Eu sei que percebo a minha tremenda importância. Só eu sei atribuir a validade da minha vida. Decidir a meu favor sem qualquer complexo de responsabilidade. Utilizar a minha linguagem encriptada em música. E tu a deixares-te transformar por dentro. Eu com medo do que há por dentro. Não comunicando o medo. Ainda iremos ver o que isto vai dar. Até lá, enquanto escrevo, o meu ouvido-interno são os meus olhos e a minha vontade de fazer poemas são os mesmos dedos que carregam no piano:





Aloha

Soul lover, which way have you moved? Uma questão de atenção, de reparar em todos os desvios, de sentir e não deixar passar o momento. É que quase todas as canções de amor têm a palavra «amor» algures, e esta não é excepção. Aliás, a origem da palavra «Aloha» é hawaiana e significa «amor» embora tenha derivado para «Olá» por culpa de ingleses. Pena as coisas não ficarem quietas. Porquê mudar o que começa por ser amor? Às vezes penso nas indeléveis diferenças entre o real e o imaginário, penso também que à nossa frente é sempre o desconhecido porque não controlamos nada do que temos, e como isto é difícil para o meu signo. Na verdade, "Control is about as real as a one-legged unicorn taking a leak at the end of a double rainbow". E que belo sketch daria esta frase, ou devo dizer desenho? Só eu sei o que quero dizer com tudo o que escrevo e podes sempre acreditar que no meu caso, para ti, há um qualquer desencontro de palavras que para mim são sempre uma só ligeira diferença: Il y a un décalage entre ce qu'elle dit et ce qu'elle pense. Aloha.

sábado, 10 de setembro de 2016

The Last Day

Continuo a gostar muito de ouvir o Ping-Pong com a Matilde. Descobro coisas novas em coisas antigas que se disseram. Na semana passada falou-se muito em Pintura. E, Picasso dizia que «demora muito tempo a tornarmo-nos jovens». Acho que com a idade (e porque nos magoam e porque vamos sendo também sucessivamente muito felizes) vamos percebendo que só através do perdão nos tornamos tão grandes que, de certeza, não nos escapará o melhor do mundo. Como aqueles budas felizes que se riem gordinhos do tanto que sabem porque afinal há sempre um último dia para renascer outra vez.


He was searching
Blindly behind the days
This life and my, no more
Breaking in the, just to stay awake
His heart was like a stone
His heart looked like a stone

And on the last
You walked out in the sun
You only just discovered the sun
On the last day
And on the last day
When this work is done
You only just discovered the sun
On the last day

All the structure
In scraps, the dark away
All this grey world
My final breath
It's on the dark and gray
It's on the dark and day

And on the last
You walked out in the sun
You only just discovered the sun
On the last day
And on the last day
When this work is done
You only just discovered the sun
On the last day

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Invest

Disse-me para aproveitar a parte pessoal da melhor maneira que posso. E esse cuidar de nós será sempre o nosso melhor investimento: vermos o mundo e termos experiências nas quais nos sentimos bem. E lá fomos outra vez a Saint-Michel. Desta, o sol raiava como só ele pode, transformando o dia numa experiência mais do que feliz. Investir na nossa vida é... ir. So, invest and make it snappy.


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Vinegar & Salt

No essencial ninguém tem razão porque a razão é a fatia mais doce do bolo. Não importa que incomode um pouco a verdade das coisas mas importa abraçar os braços à tua volta. Se ser honesto é sabedoria, glória aos sábios. Eu, sou vinagre e sal. Mais açúcar. Porque há dias de loucura e de drama e de tudo isto misturado que, às vezes, se sente em poucas horas. Apetece muito que venha o Natal mas não me atrevo a chamar o tempo frio. Graças então por ser Setembro.


quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Time

E, assim, se chega ao final do mês. Os dias têm sido um pouquinho de rotina. Pensamos se não seria hora de seguir para outro lugar. Há o colapso do tempo. Um efeito que paira sobre nós. Ao pensarmos que aquelas caras, as mesmas caras, se repetem naturalmente no avançar dos dias. Não existe qualquer problema com elas, ou fossem outras e tudo igual, mas os cenários são cada vez mais passados. A liberdade conduz à sabedoria, bem sinto. Mas tenho este papel de me ver tolerante para acalmar o desejo que nos impele a seguir. A aventura e o medo caminham de braço dado mas provavelmente tudo isto é um jogo para arrumar na prateleira e arranjar um novo para sonhar. 


terça-feira, 30 de agosto de 2016

Acordar

Radio Macau é uma banda portuguesa que nasceu nos 80's e merece ser ouvida. Penso que o bonito disto é a junção com a poesia das letras, a sua simplicidade, tanto bem aliada aos instrumentos. Sabes aquelas canções que não te deixam em espera? Vem a letra abalroando o espaço musical mas com uma tranquilidade paradoxal. A letra não se encontra disponível por isso, fica a minha transcrição da primeira faixa "Sempre mais", embora o cartão de visita deste álbum seja a segunda música (que começa aos 5:20): Acordar.


"Sempre mais, são frágeis mãos
Minhas
Sempre mais, mais do que as mãos
Dizem
E a verdade é
Um toque mais
Mais de ar, mais leve
E a saudade é
Sempre tão
Breve ao telefone

Sempre mais, se eu cantar és
A minha voz
Se eu falhar, se falhar,
Não me deixes só

Sempre mais
Se acordar e tentar 
Sempre mais
Sempre tão e tanto mais uma vez

Nunca mais, o amor nas mãos 
Frias
Sempre mais, mais do que as mãos
Fingem
E a verdade é
Um toque mais
Mais de ar, mais leve
E a saudade é
Sempre tão
Breve ao telefone

Sempre mais, se eu cantar és
A minha voz
Se eu falhar, se falhar,
Não me deixes só

Sempre mais
Se acordar e tentar 
Sempre mais
Sempre tão e tanto mais uma vez.