terça-feira, 29 de dezembro de 2020

The Sunshine Underground

 

The Sunshine Underground. Uma espécie de pêndulo. Noite pendente subterrânea. E embalando-nos. Sobre a mesa, uma vela ao contrário. Vermelha. Depois, o corpo destro para a esquerda. E levo pendurado um fio. Outro corpo que sai do lugar. Vagaroso. Um, dois, sob o soalho ardente. A velocidade aumenta no frio. Com sangue de todas as cores. E não consigo parar de tremer. O tempo lentíssimo. A bicicleta, com a campainha a avisar quem se atravessa. Porém, ninguém. O rum líquido a esconder-me as chaves de casa. E parece que dançamos. 

(Escrito sobre o 28 de Dezembro mas num outro dia)

sábado, 19 de dezembro de 2020

Saturdays (Again)


Um Sábado como os outros. E descaradamente diferente. Não há regresso de onde ainda não fomos. A camisa um pouco fora das calças, imaginando que corrias. O gato é de lá, do lugar das estórias das crianças. Talvez um pequeno sinal em crescimento. E, outra vez Sábado. Com a névoa no horizonte, uma certa volúpia de mistério sob o rio. Por ser Inverno não tem necessariamente de ser frio.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Lujon

 

Quando uma manhã me disseste quem eu era
Porque sonhava com dias de sol e rio e riso,
Porque somente a vida cheia, e cada dia que passa, são isso.
Compreendi as razões de sermos feitos de matérias diferentes
que não se misturam, e que na verdade se distanciam 
no tempo certo.

E eu, refleti com a lua em círculo naqueles dias,
No equilíbrio dos meus sentidos, com o auge de tudo em tudo
Na impaciência de esperar sem ver a noite ser noite
olhando dentro do escuro a magia de um céu despido de cores
no qual só eu reparo.

Então, seguro a caneta na mão, sabendo quem eu sou
Sentido o silêncio azul das águas de verão e a alcova do mar
antecipando-se, como se antevê uma paixão a chegar
ocupando todo o espaço da desordem num outro lugar
e, deixando-me levar, não paro. 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

O Labirinto da Saudade

 


Lugar de origem. E éramos para sempre uma forma breve de ser. Na urgência do movimento. Coisas a que nem poderíamos assistir. Porque o tempo passava depressa. Levando essas palavras nos lábios. Arriscando tudo. Sem olhar para trás. E valia muito a pena querer mais. Acrescentar. Mesmo que de forma fugaz. Depois, recomeçar. 


sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

9 Crimes

 

It's a small crime. Acontece. Há um eterno despertar de tudo. O amor é um embate, uma súbita vertigem. Não cuidas e ausenta-se. Restando pouca luz na margem do mistério. E uma vida normal, regular sem pressa na respiração. Uma forma aveludada de textura mas muito familiar, tanto que já despojada de amor. E assim acordas. Sabendo que não renovas os mesmos sonhos felizes. Morres 9 vezes para nascer a seguir. E, com esperança, contas outra e outra vez.

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Story of My Life


Flutuo. Diria novamente. Lembrava-me da Anaïs Nin e da Lana del Rey. Lembrava-te delas. Ou lembrava-me eu de ti. Hoje é feríado. E, a esta hora, não podemos andar lá fora. Tenho vontade de começar a escrever como se amanhã também fosse feríado e eu aqui com as palavras. Eu aqui, mais comigo. Na engrenagem de me deixar levar apenas o punho. Arrancar como mulher que escreve, sem outros deveres no mundo. Written in these walls are the stories that I can't explain.