domingo, 30 de junho de 2019

Perfect Day


Uma caixa em cima do rio, a descer a corrente. O céu em espelho. E as palavras em ascenção. Cada qual no seu sentido. Mas nesta altura nunca chove. O Sol apaga-se rapidamente atrás do muro da terra. A noite vem separada em partes. E o silêncio a arder quando me fecho no quarto, por causa da temperatura. O futuro encerrado nos olhos. Devia ser um sonho ou um desejo forte de cerrar uma mão na outra com força diante de Deus. Apenas um dia perfeito. 

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Nous Étions Deux


A minha amiga dizia do tempo a aparecer em círculos. Eu vejo-o em semanas, constantemente: aquela semana em que chegavas. O tempo enfileirado quase no final da linha e (era o som da máquina de escrever para subir o papel e deixar a linha debaixo escrever-se) depois outra fileira igual com as mesmas 7 posições. Estas pessoas do 7 parecem tão interessantes. Já eu não esperei por domingo para nascer. Mas hoje não era para falar da posição da lua no céu. Eu gosto de lhe escrever como se aqui o tivesse, como se lhe dissesse sobre nós dois.

"para a nossa cama, 
para que nos unamos em amor
e possamos confiar um no outro" 

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Nantes


A dimensão do sonho. Normalmente, não me lembro. Sei sobre o que vivi. Era a louca corrida de Cherbourg a Nantes para apanhar o avião. Lembrei-me disto. Ficava mais perto que voltar por Paris. Não sei qual a relação com o dia de hoje. Nantes e o esse de Sonho que não se lê. Não que seja por falta de importância. Se calhar, se não fossem aqueles lugares, teria sido outra volta qualquer. Mas pelo menos eu gosto desta conjugação entre passado e presente: A minha grande viagem. É humano não se nascer ensinado e querer muito saber. Aquilo tudo, instante a instante. E a iluminação que por vezes é intuir. Suprimir as respostas óbvias e seguir com a vida. Senti-la. Fazer mais confusão em nome de quem sou. Decidir escrever-te. Confiar que sejas uma espécie de espelho, que é o que acontece no caso do amor eterno: Confia-se. Com a mesma disponibilidade que entrego à natureza a razão de tanta outra geografia e até chego a perguntar: - Qual é a ciência dos sonhos? E respondo sem ouvir, sem ver, mas a sentir o aroma do eucalipto, do mar (mas o meu mar na minha costa), e dos perfumes que a chuva leva à terra e o vento levanta.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Elephant Gun


A arma do elefante. O que pensar sobre isto então? A gravidade do conceito. Algo doce que ferra, como um beijo-chaleira. Quando penso na força o resultado é forte mas, se pensasse na arma, partiria. Talvez fosse melhor sorrir do segundo estapafúrdio em que o elefante põe a tromba em haste. Ou ideias mais espaciais: geometria descritiva com a silhueta do elefante a carvão, quase transparente, sobre papel de cavalinho. E parece que se mexe em contra-luz encostado ao vidro. Mas em vez do galope, é altura para recomeçar a dançar. Outra vez, o peito em excesso de alma a desnudar-se fronte de uma canção. E que se diria de um trombone em lugar do nariz para presente de Deus? 

"And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the night
And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the silence, all that is left is"

Sol


E esta, logo a seguir? A relação é a mão que se estende à outra, para comunicar sem dizer palavras. Ainda agora se davam mil passos ou nenhum, mas é indiferente. E isso de discutir, isso de se achar que até se pode saber é a serena ilusão do desejo. Sabe-se o lugar do Sol no centro da nossa parte do universo. São apenas diferenças entre um e o outro e o que entre os dois se decide. No entanto, há sempre muito mais do que tudo o que se diz. Como aqui: a guitarra e o mar, as gaivotas. É preciso saber esperar pelo momento em que a maré trás a guitarra. Neste caso, diria que pertencem juntos. A batida não muda muito, é lume brando. Porém, podemos dançar, tu daí e eu daqui. E ninguém a ver as estórias, o fogo, e o lugar depois do fogo. O que a música ensina nem o autor imagina. É um olhar de alma com o mar aceso em frente. Ou o amor a subir os galhos da árvore que nunca saiu do lugar.

"O que o poema ensina/ Nem um poeta imagina"

Mil Pasos


Um passo e vou embora para sempre. 
Um passo forte. 
Um passo em frente. 
Dois passos, vou sem te olhar.
Até agora já dei
Dois passos e já te esqueci.
Três passos já estão em direcção a este,
A sul e a oeste.
Três passos creio que são demasiados.

E quando voltarás?
Eu não voltarei.
Quando voltarás?
Eu já estou longe.
E quando voltarás?
Um dia ou jamais.

E quando voltarás?
Eu dei o primeiro passo.
Quando voltarás?
E não esperas por mim.
E quando voltarás?
Um dia ou nunca.

Quatro passos que me quero lembrar.
Quatro passos, eu sei.
Tu amaste-me, eu amei-te.
Cinco passos sem me perder.
E afastei-me tanto.
Cinco passos e perdoo-te.

Seis passos, e já são quase sete.
Não sei contar mais.
Mil passos e mais, permaneço em pé.

E quando voltarás?
Eu não voltarei.
Quando voltarás?
Eu já estou longe.
E quando voltarás?
Um dia ou jamais.

E quando voltarás?
Sobretudo não me esperes.
Quando voltarás?
Eu dei o primeiro passo.
E quando voltarás?
Um dia ou nunca.

Um passo, dois passos, três passos,
Quatro passos, cinco passos,
Mil passos.

E quando voltarás?
Eu não voltarei.
Quando voltarás?
Eu já estou longe.
E quando voltarás?
Um dia ou jamais.

E quando voltarás?
Sobretudo não me esperes.
Quando voltarás?
Já dei mil passos.
Quando voltarás?
Um dia ou nunca.

E quando voltarás?
Sobretudo não me esperes.
Quando voltarás?
Já dei mil passos.
Quando voltarás?
Um dia ou nunca.

domingo, 2 de junho de 2019

The Journey


Tell me the truth about the colour inside your heart. I noticed there is a ship arriving tonight. I recognised it by the bright colour in the river, the colour of the light moving slowly. I am pretty sure I am alive though on shore knowing better than I used to know. The joy of a human wish as childish as it can be. And all the beauty that can live inside the eyes painting my soul within this jorney.