terça-feira, 23 de julho de 2013

U t t e r

Foi em 2006 que um grupo de amigos bracarenses se juntou. Influenciados pelos Sigúr Rós, U2, Radiohead, entre outros, chamaram ao seu projecto Utter, termo que traduzido significa “completo, absoluto, inteiro, infinito” porque aspiravam ao canónico, ao elevado e ao total. As letras são em Inglês e é nesta língua que definem a música que fazem: “Our music is always inspired by the universe, by the places where we’ve been (...) by listening to our music, we want people to be carried away to an imaginary place where everything's controlled through the natural equilibrium of the universe”.

via Facebook página oficial dos Utter

Foram finalistas do Festival Termómetro em 2011, e, nesse mesmo ano, editam o álbum “Empty Space”, cujo nome porventura poderia ter surgido em género singular da canção de título quase semelhante (ou não estivesse no plural) do álbum “The Wall” de 1979 dos Pink Floyd. E apesar do título, com os Utter nenhum espaço é deixado vazio.

November 1st abre as cortinas do álbum para uma paisagem atmosférica e instrumental. Entramos no espírito. Segue-se The Same Thing, os instrumentos são complementados com uma letra que (não encontrei disponível e) me parece ser esta:

Who Am I to teach you
If you keep me warm
But who am I to tell you
We are losing time
But who am I, and who am I, to rest you
We will be just fine
There ain’t no one to save you
We must go

But who are them to change you
We can always run away
And you just have to trust me
It won't be better if you stay
But who am I, and who am I, to rest you
We will be just fine
Would you trust me back? It's your time to go 
Would you trust me back? It's your time to go 
It’s time to go
If you leave me out here I'll be cool

Do you see?
Do you see?
If you open your eyes I’ll be there.

A estética musical dos Utter é um agregado de coerência electrónica onde a guitarra estende caminhos que a voz de João Pedro Botelho percorre. Não há obstáculos. Nada parece estar a mais. Nesta faixa, por momentos quase sem instrumentos - não fora uma mão dedilhar as cordas da guitarra -, o tom vocal eleva-se mas, a harmonia nunca é descontinuada interpelando-se, logo a seguir, a primeira corrente musical. A versão acústica ilustra a competência da banda:


Into the Light carrega algumas influências dos Sigur Rós. Old Guitar é uma promessa de liberdade, uma projecção de futuro dedilhada nas cordas da guitarra. The Walking Dead é talvez a faixa mais pop, o videoclip oficial foi gravado na Crácia (em Zagreb) e entregue de presente aos Utter. Volta a sensação de experimentalismo em Empty Space. You Draw A Line Between contou com a colaboração dos Noiserv. Em So Beautiful, fala-se de sonho. O som é expansivo. A letra inspiradora. Podemos deitar-nos num campo e olhar o céu transportando-nos dali. Primeiro através do teclado, como um colchão confortável. Depois o movimento acontece. O coração bate depressa. Apetece deixar-nos ir. Intuimos uma paisagem geométrica que nos embala e vagueamos deitados ao sabor da vibração das cordas friccionadas. O que ouvimos condiz com este vídeo (não oficial) que foi editado por um fã e que os Utter já divulgaram na sua página.


Aguarda-se novo disco para o início de 2014 mas, desde o Verão passado, João Botelho e o guitarrista Galiano dividem-se entre este projecto e o Colibri que, no último ano, os tem mantido ocupados. Resta saber qual dos projectos voará mais alto, se o beija-flor a cantar em português, ou, se este que é inteiro, completo e totalmente (utter) em inglês, ainda que o principal e comum aos dois seja universal: afinal, tudo isto é música. 

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