sábado, 27 de julho de 2013

Mais Amor Por Favor

Foi no Intendente que Ceci Soloaga e Ygor Marotta vieram, esta semana, comunicar o Amor através da luz: juntos actuam como VJ Suave.  

Esta dupla brasileira, especialista na new media art (graffiti digital e projecção em movimento) prepara curtas-metragens animadas, performances ao vivo sobre obstáculos verticais e outras instalações mais ambiciosas em 3D com recurso a meios próprios, os “suaveciclos”, que podem ser tricicletas com computadores acoplados e projectores seguros com fitas de velcro sustentados por baterias, ou, outros veículos, melhor apetrechados com projectores de capacidade superior para trabalhos que abrangem mais público. 


via vjsuave.com

A receita é bastante simples: tudo começa pela pintura de uma aguarela em papel branco, que é digitalizada e enviada para um programa de edição de imagem; depois, invertem-se as cores e, rapidamente, seleccionam-se pequenos “quadros” (frames) que se sucedem para servirem de pano de fundo. Sem muito trabalho, criam-se texturas orgânicas das manchas adaptadas cujas cores se vão modificando por meio digital. Em seguida, através de edição de vídeo inserem-se as imagens em sequência, podendo adicionar-se outras figuras animadas que podem ser bastante simples, e induzir-lhes efeitos pré-existentes numa gama de milhares de possibilidades. A novidade é o jogo que se desenha à mão e transforma em luz: há uma história que as imagens conseguem contar.


Mas a dupla paulista não se fica por aqui. Com recurso a um iPad e à aplicação Tagtool, ensinam que podemos criar animações, através de pinturas que os dedos fazem no ecrã táctil e, se juntarmos a tudo isto um projector suficientemente capaz, podemos substituir a parede da sala pelos edifícios transformando-os em telas gigantes de rua. Esta é a street art em movimento. Instantaneamente, cor e forma somadas em luz podem invadir o espaço urbano. As ruas ganham vida e reconhecemos a nova era do graffiti digital. Nada suja a envolvente mas, pelo contrário, durante algumas horas, tudo se transforma em fantasia. E se recorrermos às instalações móveis, é a duração da bateria que dita o tempo do espectáculo. 


Da parede para a rua apenas aumenta a escala e o cenário de prédios, candeeiros, transeuntes, passa a ser um espaço de fundo surpreendido e renovado que evidencia a criação espontânea da imagem em movimento. O público assiste e recolhe do palco das ruas e de forma activa o melhor destes trabalhos quando a realidade emerge da animação e se funde com o exterior. Mas estes artistas de arte em movimento, não se limitam apenas a animar espaços públicos porquanto pretendem ainda passar uma importante mensagem. Além das criaturas desenhadas à mão que correm, nadam, dançam, pulam de nuvem em nuvem, sobem escadas animadas e se transformam em personagens de estórias que invadem fachadas de edifícios, árvores, comboios e tudo o que esteja presente à distância dos focos de luz: existem também letras animadas e do nada crescem poemas que lemos e retemos porque nos fazem reflectir. 



A intenção de comunicação é totalmente conseguida e, por algumas horas, o espaço fica mais vivo: há corações suaves que nos transformam a rua mas a verdadeira revolução acontece dentro de nós.

via vjsuave.com
PS: + Amor P.F.