terça-feira, 30 de julho de 2013

H o u s e o f T r e e s

Foi um Colibri que me levou a esta Casa de Árvores. Um duo proveniente da Suécia que a wikipédia, ao dia de hoje, ainda não descreve. Trata-se de Djamila Skoglund Voss e Rob Coe, ambos cantam e ele também compõe e toca. Os House of Trees são mais do que duas vozes e uma guitarra: são a folia melodramática da escandinâvia. 


Às vezes, apresentam ao vivo alguns convidados. A música que fazem compromete-se algures entre a folk e o jazz, com folhagens clássicas aqui e ali, diferenciando-se num estilo que acolhe e progride. Gosto especialmente desta Crooked Tree, porque me parece saída de um concerto de Kusturica. A flauta é o instrumento encarregue de desencadear magia e o restante arranjo é funcional, porém, nesta casa de árvores não se esclarecem os enigmas: do princípio ao fim de cada tema, sente-se a omnipresença de um mistério que não se esvai. 


O papel dos H.o.T. é uma miscelânea de humor e drama e a maga Djamila consegue a façanha de levitar a voz afora das florestas encantadas suecas. Apesar da densidade das imagens sonoras, olhamos para cima e, através da sua voz e transparência, vemos a luz do dia. Este fenómeno tão rico e simultaneamente despretencioso é o expoente da música que fabricam. E em My Love há em Rob um ‘je ne sais quoi’ de Patrick Watson sugerido pela melodia que a guitarra destila porque neste tema, Rob só faz coro. E, como não admira, a natureza em panorama fica-lhes bem.



Em Maio passado andaram em digressão no norte do nosso país com os Colibri. E a música que estas bandas produzem parece radicalmente diferente. Comparações à parte, os troncos levantam-se da terra, os pássaros param nos galhos das árvores e o universo funciona nesta harmonia. Sob certos aspectos, a heterogenia de estilos vence, como por exemplo, no caso dos mashups (que até já aqui falei), alguns totalmente desprovidos de ligação fundem-se surpreendentemente. E estes suecos saem do botequim para a sala de espectáculos, refinando-se em menos de nada: embora melhore o papel de parede e a acústica, os músicos continuam iguais a si próprios e assim provam ser adaptáveis. 


Esta casa de árvores sustenta o carisma das bandas-revelação e as suas raízes e fundações vão conquistando mais mundo longe dos solos suecos. Há passarinhos que levam recados no bico e as estacas em terra sêca aprumam-se melhor.