quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

I'm a Dreamer

Não sei se o timbre de Josephine, se o piano, se a harmónica mas algo [ou muito do que se ouve] ressoa a mais. Mais bonito. Mais ensolarado. Mais inteiro. Não quero falar em magia, porque magia e feitiçaria [se as houver] andam a par, e por aqui tudo é contrário de sortilégio. O título da faixa é sugestivo para sair, ficando. Sonhar, em permanecendo, vestindo a canção. Eu - manifestamente a favor da colocação de palavras nas mais díspares metafísicas -, não sei se escolho os marcadores mais acertados para pintar estes desenhos. Não é fácil ilustrar uma canção a uma audiência. Ou melhor, traduzir o que se sente particularmente. Cada um tem de sonhar per se, aceitando que cada palavra tem um sabor único, cada frase um conjunto de paladares próprios, cada texto um poder singular de ser experienciado. Quando acedemos ao panorama sonoro, outros sentidos têm de tornar-se mais apurados; a distinção degustativa é semelhante. Por exemplo, se eu quiser fotografar uma canção tenho de tentar apanhá-la através de um olhar cativado, de um sorriso, porque a melhor forma de a definir será através das emoções mundanas, intraduzíveis: folk não é bem música folclórica, é folk