sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Chicago

Reinício de (re)contagem decrescente: três meses. A habituação contribuiu decisivamente para me permitir triunfar na arte de esperar. Isso e outros gestos de tolerância. Por exemplo, compreender que cada pessoa tem os seus próprios tempos, e a sua maneira particular de realizar tarefas. E, contrariamente à minha gestão das rotinas diárias mais simples, aprendi a conviver com a torneira aberta continuamente durante o duche, toalhas molhadas em cima da cama, adiar preparar malas para a última hora e muitas maneiras (diferentes da minha) de conviver com uma certa «desorganização organizada». Eu escolhi aceitar que cada criatura tem o direito de decidir como fazer a sua vida, desde as tarefas mais básicas. E optei por aprender a respeitar os outros nas nossas diferenças, precisamente por todos sermos seres únicos. Mas nem sempre fui assim. Eu vivia na minha marcha apressada sem tempo nenhum e (do alto da minha altivez arrogante) convencida que sabia muito da vida. Em pedindo aos outros para mudar fui coleccionando discussões e não ganhei muito além disso. I made a lot of mistakes. Depois aprendi que era eu quem estava errada. E mudei. Agora pouca coisa me tira do sério e tenho tempo para tudo. E de cada vez que (o tempo) me parece insuficiente descubro que escolhi distribuí-lo por prioridades mal medidas. E de cada vez que me vejo começar a enfurecer mudo a escala (vejo a perspectiva a cinco anos) e a importância do acontecimento torna-se diminuta. Mas tudo isto tornou-se possível com doses de humildade que me nasceram de algibeiras que não sabia que tinha. Ah, e como eu concordo com essa velha frase sábia de Mandela!: «o verdadeiro amor só se obtém do perdão». Não é que se viva para levar porrada e aprender com isso mas, às vezes, esperar é duro. Eu sei que acabaste de chegar mas o que importa é que com o fuso de seis horas, aqui, já falta menos um dia.