sábado, 12 de outubro de 2013

Ninguém Durma

No dia 12 de Outubro de 1279, Nichiren Daishonin inscrevia o Dai-Gohonzon* e, 656 anos mais tarde, nascia Luciano Pavarotti. Contam-se hoje 78. Nessun Dorma (em português «Ninguém Durma») é a famosa ária, belíssima, composta por Puccini, que corresponde ao útimo acto da Ópera Turandot, que Pavarotti interpretou na sua última apresentação ao vivo, acontecida em 2006 por ocasião da abertura dos Jogos Olímpicos em Torino. Nesta anterior versão (1996) Pavarotti teve a companhia de vários outros artistas (Dolores O'Riordan, Bono Vox, Meat Loaf, etc.) num concerto de angariação de fundos, realizado em Modena, pelas crianças vítimas da guerra da Bósnia. E, de entre este grupo de amigos, é Michael Bolton quem em nome de Caláf, o príncipe desconhecido, termina magnificamente gritando que o pedido imperativo da princesa Turandot terá sido em vão, pois ninguém conseguirá descobrir o seu nome e ele vencerá.


O tenor italiano produzia anualmente estes concertos beneficentes intitulados "Pavarotti & Friends". Em 1980 esteve ao lado de James Brown, com This is a Man's World apelando na sua língua madre ao «L'uomo rincorre il potere» terminando a concordar que «se non si accorde che poi nulla ha più senso se si vive solo per sè solo per sè», onde parece dirigir-se aos homens que perseguem o poder: «Acordem, porque não faz sentido que estejam a viver só para vocês mesmos», no entanto, só em 2001 cantaria o Perfect Day com Lou Reed. O que é incontestável é que a música tem um poder imensurável, importantíssimo. E é através deste canal que personalidades gigantes tentaram, quiseram e continuarão a querer mudar o mundo para melhor. O ideal era que ninguém dormisse perante estes esforços.

Um outro dos muitos duetos improváveis relacionados com esta finalidade filantrópica criada por Pavarotti aconteceu em 2000 ao lado da Skin (Skunk Anansie), e desta vez os fundos foram direccionados para o Camboja e para o Tibete, através de You'll Follow Me Down cuja letra não foi escrita para dar sentido a este texto que agora escrevo. É claro que podemos relacionar tudo como quisermos. Eu até acho que tudo está ligado. É muito fácil (pelo menos para mim) abrir uma argola e encadear mais um elo à corrente. Espero que me sigam e que ninguém se deixe dormir. É meia-noite. A que horas será a noite inteira? O tal tempo de acordar. Vá, acordem... Pensem nos outros. Os outros também somos nós. Já temos a receita de Pavarotti. Há muitas mais. Vão ver que um coração cheio é a maior riqueza da vida. De certeza que já sentiram o sentido disto. Não me lembro de nada melhor do que tentar ser melhor que ontem. E (o meu pulso diz que) ainda não passou um minuto desde que o dia mudou. Não durmam, é tempo de ser feliz: Nam-myoho-renge-kyo


* Dai-Gohonzon é o objecto de devoção (no budismo de N. Daishonin) que serve para lembrar que o estado de budicidade (estado de felicidade extrema e inabalável) só pode ser encontrado dentro do coração de uma pessoa e não exteriormente, por isso, cada um deverá acreditar no poder da sua vida e para isso actuar em prol da paz mundial e da bem-querença de toda a humanidade.