quinta-feira, 3 de outubro de 2013

LEGS + LEXUS > LEAD THE WAY

Aconteceu há menos de um mês na New York Fashion Week o evento que veio revolucionar o conceito de manequins sob uma passarela. Tratou-se de um poderosíssimo espectáculo de video mapping 3D, holográfico, desigual, inovador. A referir [antes foi aqui] a participação de Andrew Thomas Huang, director criativo da LEGS, também na génese desta representação. Um evento maquinal de teatro e dança, onde as personagens habitam um palco ficcional e a realidade perde espaço dando lugar às estruturas projectadas virtualmente. A sucessão de narrativas audiovisuais a par da coreografia tornaram este teatro futurista uma já realidade. De destacar, no papel principal, a brilhante interpretação metamorfósica da modelo canadiana Coco Rocha de 25 anos. 

Além da aclamação que se fez ouvir energicamente no final da actuação, ainda o espectáculo ia a meio e já estava patente o entusiasmo do público, através da quantidade de luzes paralelográmicas acesas nos aparelhos, com recurso a vídeo, que registavam o evento. São os sinais dos novos tempos: o primado da tecnologia, a chegada de um futuro aguardado que paradoxalmente não deixa de surpreender. Na nova era da imagem que se move, cabe à luz conduzir os cordelinhos das marionetas. E estas, passam a ser os elementos que à meia-vida sugerem a recriação de criaturas humanóides numa nova experiência de cor e imagem. 

Lexus Design Disrupted (Full Performance) from LEGS MEDIA

A música ficou a cargo da banda HEALTH. Um colectivo originário de Los Angeles dedicado ao rock experimental, alternativo, com um repertório de músicas cujas letras são, segundo os próprios, «intencionalmente vagas». Neste USA BOYS de 2010, a simbiose de ruídos industriais, agonizantes, com vocais melódicos foi a combinação hábil para evocar a história da personagem feminina central, de aparência frágil, que luta para combater as forças das trevas que vivem dentro de si, de todos os outros seres, e, de toda a matéria. Esta escolha musical, aliada à reprodução de grandes ilusões ópticas: hologramas, sombras movediças, explosões luminosas, bem como todo o trabalho coreográfico a cargo de Ryan Heffington proporcionaram uma espécie de materialização da energia cósmica que foi muito bem ilustrada em palco. Eu sei, William, «all the world's a stage, and all the men and women merely players» mas tudo agora parece bem mais à frente no caminho.