terça-feira, 8 de outubro de 2013

Coisas

Uma das palavras mais usadas para dizer tudo sempre que não ocorre nenhuma mais acertada. Uma palavra polivalente e, desta feita, o mesmo acontece ao verbo coisar. Portanto, não é incorrecto eu dizer que coiso e aconteço. Tu também coisas e você que me lê, mais tarde ou mais cedo, há-de vir a coisar. Podemos continuar esta conversa coisa e tal. Aliás, o acordo ortográfico não coisou esta palavra. Confirmei no dicionário. Não havia nada a mudar nela e ficou como estava, ilesa a retoques. Nada se lhe retirou ou acrescentou. Mas digamos que me custa um coiso falar desta maneira redundante das coisas em geral. Mesmo a itálico, sei lá, fico coisa de omitir o nome mais justo atribuído a todas as coisas e a cada coisa em particular. Só o facto de pensar nestas coisinhas faz-me perceber que deixa de ser preciso raciocinar aquele tempo. O necessário para conceber idealmente o meu discurso. Encher o pensamento livre de palavras e caçar aquela mais ajustada à ideia. E isso é uma coisa que gosto muito de fazer. Entretanto, já passei de uma dúzia de utilizações. Que palavra tão gasta. Não gosto da falta de brilho inerente à repetição, e satisfaz-me ter o trabalho de decidir-me por outras. Mas até as palavras são coisas. Catorze vezes. São só coisas. Quinze. E eu tenho coisas mais importantes para fazer do que ficar aqui a contar. 



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