quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

The Fall

Ontem fui a Monserrate. Primeiro, parei no centro de Sintra para tirar fotografias. Depois, atravessei as estradas até lá acima. Aquelas estradas estreitas de alcatrão, cheias de curvas para nos pormos a pensar se virá alguém de frente. Essas mesmas, cheias de «ésses». Ao mesmo tempo, muito largas de tudo: magia, beleza, e, principalmente, da atenção do meu sorriso. Fui cedo. No balanço apressado do carro porque eu gosto de não chegar atrasada. E não chego. Eu até gosto de esperar nessas alturas. Ocupar-me a pensar em ti. Quando já vou a passo tenho a atenção inteira para desembrulhar por ti.

Foi isso que aconteceu porque na entrada não me deixaram descer com o carro. Fui a pé até ao Monte da Lua. A seguir às escadinhas vi, naquela hora, o Palácio em frente. Tão no mesmo lugar como da última vez. Apenas com uma luz ligeiramente diferente. Ainda com mais romantismo. Numa investida de frio de final de ano, ou apenas de final de dia. Depois tive de continuar para o lado. Curioso, o monte lá em baixo. Num lugar de vale, um pouco mais para a direita.

Parque de Monserrate
(c/Panasonic DMC-G5)
Ontem fui a Monserrate e não te vi. Mas estavas em todo o lado. Na sombra. Nas folhas. No restolhar conjunto. Ah! Eu agora parecia ouvir dizer dos Ornatos. Não foi minha intenção. Não vou apagar nem calar-me por fazermos caminhos parecidos. Afinal, a palavra é de toda a gente. E agora, por falar nisso, como eu queria ter-te ouvido ontem. Nas pedras ao lado das que eu calquei. Embora eu nunca me sinta sozinha. Não sei se te diga que ontem não era Verão. Nunca é Inverno depois de te imaginar comigo, nem mesmo em Dezembro. Na verdade, ainda é Outono e ainda há folhas por cair. Can you tell me the difference between Autumn and Fall? Se calhar não é importante. Como tantas tantas outras coisas que não têm importância nenhuma. Não vale a pena andarmos às cabeçadas por causa da distância. Falta tão pouco para te ver pelos olhos. Para te tocar. Para te lembrar de tudo. Outra vez tudo. 

Ontem fui a Monserrate. O parque tão grande, tão cheio de ti. A Natureza abraçava-te. Com aqueles ramos todos. Corredores que me deixavam passar. Junto às figuras de tronco que pareciam explodir. Rebentar de tão bonitas. Deu para ver o barulho do tanto que pensei em ti. De achar tudo perfeito. Podia ser plasticina verde pendendo dos galhos. Não seria menos verdade. Hoje os teus postais a chegarem. Eu a ler as tuas saudades de mim. E os passarinhos do parque ontem já sabiam de tudo. Tenho a certeza.


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