quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

No Diggity

As versões das canções são algo de extraordinário. Não haja dúvida. Assim como as asas invisíveis dos sapos ou as espirais que agarram as folhas aos cadernos. Mas a mim parece-me que só na música é possível vestirmos a farda do outro e fazermos o trabalho dele à nossa maneira e à nossa vontade. Depois, haverá quem goste e quem não goste. É só mais um valor a favor da linguagem sonora. E, claro, das artes. Mas agora não me estou a cingir à música, estou a evocar também a escrita literária, a pintura, a escultura, a arquitectura, a fotografia - embora neste ponto tente não me lembrar da Sherrie Levine em "After Walker Evans" -, e a continuar por elas adentro, naqueles espaços aconchegadinhos onde me sinto muito bem. Ou por elas afora, estendendo a cortina até outras profissões: por exemplo, noventa por cento do trabalho do ortodentista é artesanato com arame. É isto que eu quero dizer, que se tente esta perspectiva. Porque a Arte é uma parte acutilante que está em tudo. Um género de vértice que se inclina para cada direcção. Não necessariamente no sentido de cima. Já que o céu está frio e demasiado longe. E eu tenho comigo as coisas que eu gosto. E é-me fácil descobrir outras que estavam sentadas ao lado das minhas. É isto que acontece. Ligamo-nos mais àquilo que somos. Àquilo que admiramos. Assim é o amor: Admiração. Aqui não há versões, o que vai além do extraordinário, aliás, em linha recta. Entretanto, desço a persiana para (mesmo assim) dizer: 
(- Chet,) 
I like the way you work it.