quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Do You Know Me Now?

As horas de me deitar fora-de-horas. As a que me levanto. O lugar do meu champô de argila. Os meus ganchos, os carapuços. Os meus auscultadores (ainda sobre o meu cabelo). A cor que gosto mais de vestir, ou a não-cor, pois dizem que o preto (k de key, a base do sistema subtractivo CMYK) é cor ausente. Os Moleskine e os caderninhos iguais que não o são. Os meus temas preferidos para escrever. E para ler, os meus assuntos de eleição. A sonoridade dos poemas que não rimam. As minhas fontes de motivação e todas as outras que não inspiram. Os meus objectos mais vezes pensados para fotografar (mas comprar as coisas deixou de me interessar). As lapiseiras de grafite colorido (cor-de-laranja, cor-de-rosa, que eu não sabia que existiam antes de me dares). Estava a tentar não te dirigir este texto. E os gatafunhos que escrevo a correr (até para mim difíceis de ler). O itálico e o negrito. As minhas aspas. A minha música. As minhas tardes. O espaço. O cheiro como sinto a vida. O meu perfume (o que gostava mais e acabou). O líquen na estrada e toda a sensibilidade para o mundo. (Fotografá-lo e pintá-lo e simplesmente olhá-lo). E eu olho. Gosto. Pisco-lhe um olho. Faço uma pintura virtual. E mantenho guardado todo o material. (Bisnagas de tinta, pincéis, poliestireno expandido para fazer de paleta). Hei-de dar uso a tudo numa tela catita (um Jackson Pollock mas à minha maneira bendita). E dadas as graças, as horas de almoçar. Os meus gostos de comida (indiana, vegetariana, italiana e é verdade: churrasco com batatas fritas, ou então, qualquer coisa para mim e o teu robalo grelhado só para te ver feliz). Estava a tentar mas não consigo delinear este excesso. Como escolher uma flor se não me decido por espécie nenhuma. Rewind. (Do princípio). As horas de me deitar fora-de-horas. As a que me levanto. A cor que mais gosto de vestir. As leggings todas iguais e a carteira de couro até me cansar dela. O meu verniz cor-de-vinho. O meu necessaire sem fundo (só mais um frasquinho). E entretanto, fez-se noite. Só pisco o olho a quem gosto, mas ninguém está a ver: do you?

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