quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Mille Baci

Há músicas tão bonitas. Ouço em repeat. Mas quando as esgoto aparece outra a seguir. Nova. A cativar-me sobremaneira. Não me canso desta forma de arte. O conceito é indefinível. Muito mais do que comunicação de sons. Um bálsamo para os sentidos. Uma organização conjunta de sons e de intervalos. Muitas vezes uma companhia que vale tanto mais quanto melhor se sente uma música. Há aquelas que nos apanham irremediavelmente. Outras acenam durante seis, sete, dez dias e viram a esquina. Todos temos músicas bonitas que gostamos mais de ouvir. (Até parece mentira que algo não palpável, da família do ruído, nos cative e manipule ao ponto da auto-exaustão propositada. Como abrir um pacote de gomas e só parar na última.) Mas é especialmente bom quando se partilha uma música. “Toma.” E vem uma música de presente. “Já ouviste isto?” E ainda por desembrulhar. “Conheces isto?” E ainda por saber. "Acho que vais gostar." E o que eu gosto destas prendas. É a volúpia da ansiedade antecipatória. Pensar se já ouvi. Se não ouvi. Ter a certeza (antes) que vou gostar. Porque quem dá também já adivinha que vou gostar. Então eu ouço. E gosto. É que desde pequena que gosto de música e destas partilhas. Antigamente também eram outras coisas. Balões de ar. Eu sorria. Ainda hoje me custa largar um balão mas também gosto de ficar a vê-lo subir. Até que deixo de o ver. E quando ouço exaustivamente uma música também sinto que a liberto. Deixa de ser completamente minha. Esvazio o lugar da minha cabeça onde retenho as coisas que gosto muito. No entanto, não me canso. Não me canso da música. Sei que há sempre tanto por descobrir. Há músicas tão bonitas que digo para mim: “Adoro ouvir isto...”. E volto a ouvir. Ouço em repeat. Mas quando as esgoto aparece outra a seguir. Nova. E só me apetece agradecer. 


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