sábado, 13 de junho de 2020

T r ê s T r i s t e s T i g r e s

A banda portuguesa que esperei ver renascer e que conseguiu surpreender-me este ano com Mínima Luz. As letras continuam a ser fragmentos de ideias ligados pela voz de Ana Deus, uns pontos ora mais graves, ora outros mais agudos, numa harmonia irrepreensível de versos surrealistas da Regina Guimarães com contextos afinados na intensidade do som produzido e até suspirado por Ana Deus, em Língua Franca. Num sentido mais encorpado de evocar a natureza, a linguagem, o tempo, e o Criador de tudo, personificando alguns dos elementos de passagem no final: Cada folha sol dizia/ Cada pedra cantava./ Correndo a água narrava (...) O vapor pavor contava/ A neve chamava o cume.


Em Curativo, o prelúdio acústico ainda em registo poético Diz quem procura uma cor/ Que ela há-de cair do céu. Tudo bem acompanhado pela guitarra eléctrica de Alexandre Soares. Tema que leva uma camada extra com a original introdução de uma harpa para encantar até os (corações) mais distraídos.


Mais atrás, nas EA Sessions de 2017, um pequeno encontro intimista revisitando o Guia Espiritual para auscultar o efeito das duas décadas sob alguns dos principais temas da carreira TTT. Sinta-se aos 11 minutos, os anos 90 bem medidos numa interpretação amadurecida e inspirada de Zap Canal, versão um pouco mais turva fora do estúdio. A roupagem da faixa é mais sofisticada, porém, o corpo é o mesmo. Glória a Deus Pai/ Na baixeza, os fracos à sobremesa/ Paz na Terra Mãe/ A cabidela dos fortes digere-se muito bem. E o bem que umas décadas podem trazer a quem do talento faz pop-rock alternativo.


Na minha opinião, um pentágono de estrelas intemporais. 


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