segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Time And A Half

De repente, passaram-se uns dias. Não passei para umas linhas a par destes dias. E, entretanto, algum tempo intenso e divertido de trabalho, e mais algumas aulas. Ainda redefinição de objectivos em relação a um projecto. Porque o tempo passa e passa e passa. E ainda ontem passei pela Estrela e as linhas do eléctrico apanhavam as nuvens. Assim, naquela piscadela celeste, como retive num segundo sem pensar (quase nada) na composição. Um destes dias hei-de levar a câmara e apanhar as linhas inteiras, todas as nuvens e até os badalos dos sinos se a bússola me ajudar a perceber a melhor luz com que caçar as coisas.


Mas então eu ontem, como dizia, pensei em parte da cidade enredada. Não apenas as linhas do eléctrico, também as dos passeios, as dos edifícios, as das janelas. A separação do rio em horizonte. Os traços interrompidos a meio da estrada. As linhas das nossas mãos. E quando hoje encostaste a tua palma à minha nós caminhávamos nas mesmas linhas. Agora eu posso trazer a imponência da Basílica, o lago do jardim, a majestosidade das árvores, as redes-guia do eléctrico amarelo, a correria para o metro, as voltas de carro (e eu acho sempre que faltam tantas palavras... Ou são cores sem nome ou nomes que não têm cor. E o formato dos teus olhos, a textura do teu cabelo: formato sem nome; textura sem nome, embora tão meus), mas diga eu o que disser: Não passei para umas linhas. O resto são desculpas para dez dias e juízos para dez noites. Não é uma coisa muito esperta: enganar-me. Mas se houvesse mais metade do tempo, talvez ainda me ocorresse o fio de luz da meia-lua, hoje espelhada nas águas de Sesimbra, e só porque foste tu que me mostraste aquela luz que flutuava turva, valeu para mim muito além de dez mil textos. Um dia muito bom. Só queria mais metade de um dia assim tão bom, para sempre.


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