quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Soul to Squeeze

Sempre adorei a palavra «squeeze». Tem mais som do que a maioria. E gosto desta palavra, não pensando no seu significado nem no idioma, somente na fonética. Há ali o efeito arrastado do «é» duplo que parecem três ou quatro siameses. Até poderia ser uma mini palavra encaixada em outra que só contivesse a letra «é». Uma coisa que se não estranharia se fosse dita por animais, embora lhes escapem as consoantes. Como o balido das ovelhas ou algo semelhante ao bufar do gato. «Squeeeeze». Escorrega-se ao dizê-la e a boca (ou mesmo a expressão facial) chega a demorar-se no momento em que o sorriso tem o comprimento e largura certos. Quando digo certos, refiro-me ao ponto em que o sorriso cintila: não se força a crescer, artificioso; nem se reduz, apagando-se. Fica ali no limbo - octingentésimos de segundo: eeeeeeeeeeeeeeee -, entre a emoção e a compreensão. Depois reconheço o sentido da palavra e assalta-me o seu significado. Afinal, não era um animal que a dizia. E não era a tradução que me apetecia ouvir. Porque faz-me pensar em pescoços, cordões, no cinto, depois em laranjas e em limões, mas nunca em almas. Não querendo falar pelos outros penso que a Diane Arbus iria gostar disto:

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