terça-feira, 5 de agosto de 2014

Matilde Campilho

Esta publicação só faz sentido em língua portuguesa, onde, por agora, a poeta se lê, seja em Portugal seja do outro lado do oceano, onde cavalga o Jóquei, onde se esgota nas livrarias. E diz o artigo  que «caiu como um meteorito. Algo que escapou aos radares, não previsto pela meteorologia, feito de uma matéria desconhecida, vindo de um lugar não-identificável, ainda a arder.» Eu não concordo, para mim previa-se que fosse assim. Eu disse ainda em Novembro como ia ser assim. Este blogue é dedicado à música, porém, a poesia também ondula as palavras. Música e poema são de uma génese prima, é o mesmo sangue que arde, quando nos toca. E como toca. Era Novembro quando apresentei a Matilde aqui, e no final do ano partilhei um video-poema dela que gostava que fosse de toda a gente, e em Abril foi outro. Partilhar é isto. Explicar como aquilo que somos, por vezes, resulta muito bem em outros. Ler a Matilde dá-me vontade de pegar em caderninhos outra vez, distribuí-los nas malas, nas mochilas e nos bolsos. Recolher ideias e depois juntá-las em poema. Isto não é sonhar, é fazer acontecer. Posso fazer fotografias e fazer poemas porque é a fazer coisas que nos entendemos. Ainda posso escolher uma música se, como ela, os decidir ler em voz alta. Esta publicação só faz sentido em língua portuguesa, e o título é aquela música dela, que é também nossa sempre que ela se lê.