sábado, 19 de setembro de 2020

Memórias de Amor

 


Só o tempo faz mudar. E temos memórias (de amor) do caminho. De sermos lá e de estarmos aqui. Páginas que não ficam na nossa memória como se escrevem. Eu dobrava os lençóis sozinha. O texto nada disso traz escrito. Nem da delícia de te sobrepor ao espaço. O deleite do vinho, o carinho. Era uma afinada voz a cantar ao teu lado e uma agradável voz a chamar-me afinada. E dava vontade de subir o rio e não parar mais. Porque a mesma música corre-te. Agora levares-me um beijo. Que eu dou. Por mais algum tempo, tanto, pouco. E levavas-me.

Voyager

 

Sentido de uma babilónia eletrónica. Seguramos o poema com a respiração atenta e o embalo. Substância verde cheia de luz.

Um punhado de plantas (com e sem flores) de destinos nativos que não colhemos, que não trazemos. Uma pequena história. Um conto breve. 

Ruínas de instrumentos sem idade. Ruídos com tribos inteiras por dentro. Rituais de batucar enquanto um ancião fala.

Malfadado génio musical. Memórias que mais parecem infâncias com boca. Misturas. Música nascida de uma só mãe. Mãos e um corpo dançante.

Abandonado-se dignamente de asas abertas dentro do som. Atrás desse caminho, irei.


Foi por Ela


Foi por elas que aprendi a ser mulher. Falando com elas. Aprendendo entre elas. Nas conversas com a minha mãe, a minha irmã. Nos áudios de hoje, que são as nossas novelas, no nosso tempo, amadurecendo. Trocando as ideias dos diários-cadernetas. E somos sempre as mesmas, nas nossas conversas, vivendo. Mas nunca são elas que me tiram para dançar. O meu pai mostrou-me Fausto, e agora tu.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Flor Di Nha Esperança

 


Um passito mais perto. Lá quase. E quase perdida a esperança. Porquê? Mantinha o olhar no mar. Para lá do mar, há o cabo, o Sol, o Sul. E é tudo. Confesso que persigo estas coisas do acaso. E penso nelas profundamente. Para passar o tempo, derivo em outras. Uma espécie de compromisso, tanto que quase me chegue. A harmonia de escolher a vida e o resto entretanto por aqui.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Eu Seguro


Agosto. Sol. Praia. Adorados clichés que eu seguro. Como este videoclipe perfeito, sem jeito, em que só o que contém faz falta. E a temperatura alta. O escadote sueco. O poema dividido em dois, fugaz. Completo depois. As botas adormecidas atrás. O casaco pronto a aconchegá-la no final. Quando esta cama em que dormimos for morada em que acordamos, eu seguro. E era muralha, afinal. 

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Preto e Branco



Nanananaaa seiia iaiea... Hoje é assim. Baladas impossíveis de ouvir sem cantar. E impossíveis de sentir sem dançar. Imitar a Maria João. As múltiplas vozes dentro daquela mulher. Eu gosto tanto disto. Como de ver a água do centro da sala. Como de sentir o calor da varanda e imaginar que é verão para sempre. Como gostei do fim-de-semana em família. Como de não ter dívidas. E como de ver agora o meu futuro na folha nova. E tudo a preto e branco, embora o céu traga manchas cor-de-rosa para se deitarem no azul. A vida podia ser só muito disto e eu seria ainda mais feliz.