segunda-feira, 17 de abril de 2017

O Sentido do Tempo, V

A natureza da luz. 
Quando a madrugada vem. 
Como quem acha na rua. 
Algo que pertenceu a alguém.
Esculturas de sombra. 
Na linha da praia, do mar.

Não pensaria no que perguntar.
À terra. À vida. Naquele momento
Estavamos os dois. Naquele lugar.
Podia parar o nosso vento. Ficar.
Naquele momento eramos só nós.

E nessa altura de franqueza
Falavamos do que estava por vir.
A minha família sabia de tudo.
E alguma coisa parecia explodir
Se quisessemos já viver o futuro.

O espaço cheio de minúsculos espaços.
As gentes entre milhares de passos e abraços.
Mas meu presente lúcido é uma paragem.
Onde espero, espero, e não vem ninguém.
Escolhi esperar por ti que és uma miragem.

Agora tornou-se real a minha condição.
A luz da tarde é cinzento-baça.
Estou a sós comigo. Neste novo lugar.
Ãmanhã é um outro dia, outra vez.
Não pensaria no que perguntar.
À noite. À vida. Neste momento.

Mas afinal a que horas o sol se levanta?
Para que parte do mundo, olhar?
Trocadilhos. Rabiscos. Desenhos.
Reticências. Um ponto final.
E, no entanto, quatro pontos.
Se calhar, a minha bússula.


Cherbourg, 17 de abril de 2017 

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