as guitarras tocam
e há uma voz,
embalando,
para começar
em jeito de lullaby,
a abraçar a gente.
E eu
deixada em terra firme
com o mar em frente
vejo a passagem dos corpos
náufragos.
E ao
escrever este texto-poema
percebo que
todos os meus textos são poemas
e não há parágrafos
nos meus textos-canção.
Ouço esta música
como uma nova condição,
não escrevo,
sinto,
porque as pinturas na água
são como corridas de corpos loucos
como ficção de cinema.
Da janela de casa
vai o ruído do mundo a passar,
e, na interpretação,
há sempre uma pena de ave
a cair na minha mão.
E ao
escrever este texto-poema
percebo que
todos os meus textos são poemas
e não há senão a verdade
nos meus textos-canção.