De outras vezes
Poderia - com alguma hesitação
Supor o que os outros suporiam.
Porque todos nós,
Em outras tantas vezes, gostaríamos
De achar que a vida vem à frente.
De achar que as agendas da vida
Ditam fora do presente.
E de achar que existe um tempo
Reservado à vontade que se sente.
Então, acontece, quase sempre,
Pensarmos que o melhor está por vir
Para nós e toda toda a gente.
Pensarmos que há um tempo por cumprir
E que um raio de sol mais directo
Um raio de sol que vem, por certo,
Fechar-nos ainda mais o olhar
É uma espécie de sinal que vai chegar.
Mas é nesta cegueira que vivemos
Porque este tempo é concreto
E continuamos a aguardar
Pelo que agora temos e nem vemos,
Nestas tantas tantas vezes,
Que escolhemos adiar.
É todo este tempo que perdemos,
E nisto, tudo prestes a mudar.
Lisboa, 22 de novembro de 2014