Inquieta-me o vento a soprar.
São formas de sorrir diferentes:
eu com medo e tu despido.
Inquieta-me o tempo por vir.
Mas não sei diminuir paisagens
só para simplificar a história.
Gosto de personagens
e do reconhecimento
das mesmas ordens e padrões,
dos tecidos vistos por dentro.
Tenho tempo para não pensar
na inteligência desenhada do mar,
ou na sorte da areia, contradições
de cartas que marcam os livros.
E isto era como se jogassemos.
E era se a vida em dados e fados
connosco dentro dela.
Posso somente neste momento
beijar-te o coração e seguir,
como uma paixão estendida
e mais roupa deixada a secar.
Há dias em que deveríamos ser
crianças cheias de sol, incríveis
vestidas de cores-aguarela,
com tamanhos impossíveis.
Tenho letras para palavras,
palavras para canções ideais.
Instrumentos na minha janela
para tocar, adiar, arriscar.
E isto era se pudessemos brincar.
Como se a vida toda em risos
connosco dentro dela.
Lisboa, 12 de outubro de 2014